A chegada de um filhote, seja de gato ou cão, na família é sempre motivo de grande alegria para quem deseja ter um pet. O vínculo humano-animal acontece desde o primeiro contato e os benefícios desta relação são inúmeros para as duas partes. Mas, existe uma etapa anterior à chegada do pet até um lar que também requer cuidados, alguns até mesmo prévios à gestação.
A médica-veterinária Priscila Rizelo, organizou uma série de informações essenciais sobre o momento inicial da vida dos pets.
Filhotes a caminho e os cuidados com a mamãe
A gestação de uma gata dura, em média, em torno de 63 a 66 dias. Durante os primeiros dois terços da gestação, o corpo concentra-se em ganhar gordura para desenvolver os filhotes e armazenar para a produção de leite. No último terço, todo peso que ela ganhar é proveniente do crescimento dos gatinhos. Na reta final, a fêmea pode apresentar mudanças no comportamento e diminuição do apetite.
Durante a gestação, uma boa alimentação é de extrema importância para ajudar a garantir a saúde da mãe e o bom desenvolvimento dos filhotes. Para isso, uma cadela ou gata prenha, por exemplo, precisa de até 30% a mais de energia. Na lactação, os requerimentos energéticos são ainda mais intensos, podendo ser duas a três vezes maiores do que um adulto não gestante. Além disso, durante a gestação, especialmente nos dois terços iniciais, as fêmeas precisam receber nutrientes específicos para a formação adequada dos fetos. Dessa forma, é fortemente recomendado que um médico-veterinário acompanhe todo o pré-natal.
Assim que chega ao mundo, o grande desafio do filhote é tornar-se autônomo para respirar, se aquecer e se alimentar. Para apoiá-lo e dar mais conforto à mãe, é importante preparar adequadamente a caixa de parto. A caixa de parto, ou "ninho", pode ser uma caixa plástica ou de outro material fácil de higienizar, revestida com um material absorvente descartável ou lavável (como jornal em tiras, papel toalha, toalhas ou tapete higiênico) e aconchegante. Pode-se disponibilizar mais de uma caixa para as gatas muito seletivas. O ambiente deve ser extremamente tranquilo, livre de "curiosos", além de ter uma temperatura agradável e umidade apropriada. Nas primeiras semanas de vida os filhotes não conseguem controlar a temperatura corporal, por isso o controle de temperatura e da umidade do ambiente é imprescindível.
Nascimento da ninhada
Os filhotes precisam mamar o mais rápido possível após o nascimento. Em vez de ingerir leite, se nutrem de colostro, uma substância produzida pela mãe que fornece anticorpos que irão proteger o filhote durante as primeiras semanas de vida. Outro cuidado importante após o nascimento é a pesagem, já que o peso de nascimento e a taxa de crescimento durante as primeiras 48 horas são parâmetros-chave para que se descreva a condição de uma ninhada e possíveis filhotes com risco de mortalidade neonatal sejam identificados.
Os gatos devem nascer com cerca de 2 a 3% do peso da mãe, fator que sofre influência conforme a raça, tamanho da ninhada e tempo de gestação. Nos primeiros dias, o peso aumenta diariamente em cerca de 10% do peso de nascimento, de forma que entre o sétimo e décimo dias os gatinhos já possam estar com o dobro do peso que nasceram. Os machos, geralmente, são mais pesados e crescem mais rapidamente. Gatinhos nascem com cegueira e surdez temporárias. Eles procurarão a mãe para abrigo e nutrição.
Já os cães devem ter entre 1% e 5% do peso esperado do adulto no nascimento, número que pode variar de 70 a 700 gramas dependendo do porte, raça e sexo do filhote. Graças à nutrição fornecida pela mãe, ele rapidamente começará a ganhar massa e o peso que o filhote ganha nos primeiros dias é determinado pelo porte. Normalmente, os filhotes devem ganhar entre 5 a 10% do peso por dia nas primeiras semanas de vida.
Os primeiros meses de vida
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Por volta da quarta semana de vida, os cães já apresentam a visão e audição reativas à luz e ao som, respectivamente. Já os gatinhos, na quarta semana o olfato está maduro e a audição está bem desenvolvida. Na sexta e sétima semanas, os felinos começam a desenvolver padrões de sono de adultos e habilidades motoras.
Também é nesta fase que os primeiros dentes de leite começam a nascer e os filhotes começam a se interessar pelo alimento da mãe. Este é o momento em que pode-se iniciar o desmame, que deve ser lento e gradativo, respeitando o desenvolvimento do comportamento alimentar de sucção, lambedura e, posteriormente, mastigação. Os alimentos úmidos com textura macia são as melhores alternativas para o desmame.
Durante esse estágio, entre a quarta e a oitava semana de vida, ocorre a "janela de imunidade" - quando o nível de anticorpos fornecidos por meio do colostro da mãe já não é mais suficiente para garantir a imunidade do filhote, mas também é alto o suficiente para interferir na efetividade da vacinação, ou seja, o filhote fica mais vulnerável a doenças. Por isso, é fundamental seguir o protocolo de vacinação estabelecido pelo médico-veterinário, respeitando todas as datas de reforços. O filhote só deve ser exposto a ambientes e animais desconhecidos após o término do protocolo vacinal. O sono ajuda a fortalecer o sistema imunológico, portanto garantir que os filhotes tenham um lugar confortável e calmo para dormir é vital. Além disso, uma alimentação específica para essa fase de vida é necessária para estimular o desenvolvimento de suas defesas naturais e crescimento, por meio de nutrientes específicos.
Novo membro da família
Com o desmame feito, o filhote está pronto para encontrar uma família, além de ser imprescindível cumprir todo o protocolo de vacinação. A infância do pet é um momento extremamente gratificante para os tutores, mas também é um momento de enormes desafios e curvas de aprendizado acentuadas para o animal.
A convivência com a mãe e irmãos de ninhada durante as primeiras semanas de vida terão influência na socialização e no comportamento do filhote, por isso, não tenha pressa de levá-lo para casa muito jovem.
É importante frisar que a procriação intencional de gatos e cães deve ser realizada por profissionais e com muito respeito às limitações do animal, visando sempre o bem-estar dele.
Adaptação e alimentação
O alimento para gatos e cães filhotes deve ser de alta qualidade e adequado à idade, raça ou porte. Especialmente desenvolvidas para o crescimento e desenvolvimento saudável dos filhotes, que garantem uma nutrição especialmente desenvolvida para as necessidades específicas deste momento.
Os pets adoram rotina. Por isso, uma boa dica é sempre fornecer o alimento no mesmo local e horário. Ao invés de deixar o alimento à vontade e disponível o tempo todo, respeite a quantidade indicada na embalagem e forneça em pequenas porções ao longo do dia, o que evitará o sobrepeso no filhote. Também é muito importante realizar a transição de alimentos de forma gradual quando a dieta do filhote mudar.
Os filhotes são curiosos e gostam de explorar e, por isso, é importante garantir que a casa esteja segura antes de recebê-los. Cuidado com plantas tóxicas, objetos delicados e quebráveis. Restrinja o acesso à piscina e escadas. Telas nas janelas são fundamentais, especialmente para gatos.
Verifique se possui tudo o que precisa para cuidar do filhote e ajudá-lo a se instalar no novo lar como, por exemplo, um local seguro e confortável para descanso, brinquedos interativos, comedouros e bebedouros, coleira e guia para os cães, material de limpeza seguros, equipamentos para higiene, etc.