Ter um cão de grande morando em lugar pequeno é possível; veterinária ensina

Ao contrário do que se imagina, cães necessitam dos mesmos cuidados independentemente do porte. Os grandes apenas exigem um pouco mais de paciência e maior gasto de energia

Foto: Melvim Quaresma
Cachorros maiores não representam mais trabalho que cães menores

Ao decidir ter um animal de estimação, especialmente se tratando de um cão, algumas pessoas levam em consideração o porte do animal, acreditando que os cães de maior porte darão mais trabalho do que um cãozinho menor. Na verdade, isso é apenas um mito, como afirma a médica veterinária Alessandra Farias.

Ao contrário do que muitos pensam, os cães de grande porte requerem apenas um pouco mais de paciência e atividades extras para gastar energia. Os pets maiores podem, inclusive, se adequarem a ambientes menores como apartamentos, desde que haja um espaço reservado para eles de, pelo menos, 4 m².

Ao falarmos de um espaço reservado para o animal, não existe a necessidade de ter um cômodo específico para ele, mas o tutor pode, sim, dividir alguns espaços do apartamento para o pet. “Quando falamos em enriquecimento ambiental, significa que todas as espécies precisam ter o espaço adaptado ao seu bem-estar”, explica a veterinária ao Canal do Pet.

Segundo Alessandra, o que normalmente acontece é que o tutor se encanta pelo filhotinho e, em poucos meses, ele vira um “supercão”. “Os cães de grande porte precisam gastar a energia acumulada, por isso é necessário ter uma rotina de passeios diários de cerca de 30 minutos, duas vezes ao dia para que se possa preservar a saúde física e mental dos pets”, diz.

Para quando não for possível sair com o animal o tutor pode, por exemplo, colocar caixas e esconderijos para os cães, socializá-los com outros animais, fazê-lo "caçar" a comida, colocando em potes específicos ou em garrafas pet. “Assim como impor limites e adotar uma alimentação balanceada para evitar o ganho de peso. Mas, todos esses cuidados são inerentes a um pet, qualquer que seja o porte", ressalta a veterinária.

Por outro lado, os cães maiores têm características proporcionais à sua estrutura. "São muito dóceis, companheiros, carentes e amorosos, exigem mais conversas e atenção. É aquela amizade rara, verdadeira e recíproca", comenta Alessandra, que também indica a inserção de brincadeiras com bolinhas e cordas, por exemplo.

Foto: Reprodução Reddit
Cães maiores não necessariamente dão mais trabalho que cães de menor porte

Ainda de acordo com a veterinária, é verdade que alguns deles, como o Pastor-Alemão, Doberman,  Dálmata, Golden Retriever,  Labrador, São Bernardo e Dogue Alemão não têm noção do tamanho e força física que têm. Devido ao tamanho, eles podem ser meio estabanados e se esbarrarem em objetos, até se assustando, mas isso pode ser resolvido com a ajuda de um adestrador comportamental.

“Para as raças gigantes, o recomendado é ter um espaço para que eles possam se locomover sem ficar batendo nos móveis. Claro que, morar em uma casa seria o ideal, já que os espaços são melhores. Em todo caso, a rotina de passeios, brincadeiras e exercícios diários é superimportante”, explica Alessandra.

Mudança para uma casa menor

Foto: shutterstock
Adaptar o animal a uma mudança não é uma tarefa muito fácil

Quando o tutor vivia em uma casa e, por algum motivo, precisa se mudar para um local menor essa não é uma razão para se desfazer do animal.

“Quando falamos em mudanças, os nossos amigos grandalhões conseguem se adaptar em espaços menores, mas isso leva um certo tempo porque eles precisam se acostumar. O recomendado é sempre pensar no bem-estar deles”, afirma.

Algumas dicas são:

  1. Tomar cuidado com pisos escorregadios, já que podem provocar lesões articulares;
  2. Controlar a alimentação do pet, já que os de grande porte são mais suscetíveis a ganhar peso;
  3. Caprichar nas brincadeiras, exercícios e passeios com brinquedos estimulantes, sempre com muito amor e carinho;
  4. Manter essa prática de passeios e exercícios regularmente, mas evitar os horários em que o clima esteja muito quente.

Para saber se deve ou não levá-lo em determinado horário de um dia quente, o tutor deve tocar o piso descalço e se ele próprio não conseguir pisar, o pet também não irá suportar.

Cuidar da alimentação é importante

Foto: reprodução shutterstock
Adequar a alimentação do animal de acordo com o ambiente em que ele vive

Um ponto sensível, mencionado anteriormente, é a alimentação. "A dieta de um cão de grande porte precisa ser equilibrada, com a quantidade de nutrientes, fibras e suplementação correspondentes à necessidade do animal, para auxiliar na saúde articular, óssea e na manutenção da flora intestinal. Por esta razão, é de extrema importância o acompanhamento com um veterinário especializado em nutrição, evitando que a má alimentação e a falta de exercício contribuam com a obesidade", alerta.

Sob o ponto de vista de eventual necessidade de medicação, a profissional afirma que apesar de alguns medicamentos serem baseados no peso, o que elevaria o custo do mesmo, a manipulação veterinária pode ser uma aliada do tutor desse tipo de pet. "Por serem feitos na dose certa, sem desperdício, e com a possibilidade de combinar vários ativos num mesmo composto, o manipulado auxilia na economia do tratamento quando necessário", finaliza a veterinária.