A alimentação adequada para cães e gatos pode gerar muitas dúvidas para os tutores de animais domésticos, principalmente por causa das necessidades diferentes que cada bichinho tem a partir das raças, dos tamanhos, da idade, de doenças que tenham, entre outros. Uma das dúvidas mais comuns é sobre a ingestão de carboidratos, muitas vezes considerados vilões na alimentação humana. Profissionais e pesquisas na área da saúde animal dizem que os animais não precisam deles, mas podem metaboliza-los para transformar em energia.
De acordo com uma pesquisa publicada pela revista Nature, os cães domésticos adquiriram a capacidade de metabolizar e utilizar a energia proveniente dos carboidratos de forma muito efetiva e sem resultar em prejuízos para a saúde deles. Em função da proximidade com o ser humano em muitos milhares de anos, os cães evoluíram e modificaram a sua fisiologia para adaptar-se à dieta oferecida a eles.
Já o gato, que possui uma estrutura metabólica mais semelhantes aos ancestrais silvestres, principalmente com relação ao seu comportamento e fisiologia digestiva, metabolizam a energia proveniente do carboidrato de forma mais lenta. Entretanto não é possível inferir que os carboidratos possam fazer mal para eles.
A nutróloga veterinária Juliene Oliveira afirma que cães e gatos podem, sim, comer carboidratos, porém é preciso lembrar que eles são animais carnívoros e, por isso, precisam ingerir proteínas. “Os cães e gatos são carnívoros em sua fisiologia. É preciso que os tutores respeitem isso. Contudo, de forma geral, os carboidratos não fazem mal para os pets. É preciso avaliar apenas a tolerância individual de cada animal, pois alguns podem ter um pouco mais de gases”, afirma.
Segundo a veterinária, os grãos devem ser evitados na alimentação dos pets porque eles podem causar mais facilmente desconforto abdominal. “Deve-se dar preferência a outros tipos de carboidratos, como os legumes, que possuem baixa caloria, e também batata doce e inglesa, inhame, macaxeira. Se pensarmos numa porcentagem da dieta, não há um número específico para os carboidratos na alimentação dos animais, mas o desejável é que esteja em torno dos 30%, no máximo 35%, da composição dessa alimentação. Especificamente para os gatos, essa proporção deve cair um pouco, em torno de 20 a 25% da dieta”, explica.
Ainda de acordo com Juliene, a alimentação deve mudar, caso a caso, com animais que possuam doenças. A raça, o porte, a idade e a rotina de atividades física do pet também influenciam na avaliação para o consumo desses alimentos.
“Os carboidratos devem ser evitados para os animais que estão obesos, acima do peso. Eles se tornam açúcares, que se acumulam mais facilmente, formando tecidos adiposos [gordura]. A composição alimentar dos animais obesos deve conter carboidratos numa proporção muito menor, apenas com fibras e legumes de baixa caloria. O chuchu é um tipo de carboidrato que tem quase nada de caloria, comparado à batata doce, por exemplo”, diz a veterinária.
“A gente utiliza esses carboidratos de baixíssimo índice glicêmico nesses pacientes. A obesidade é a única patologia que pede uma restrição de carboidratos”, finaliza Juliene.
Já a veterinária Raquel Sillas ressalta que pacientes com neoplasia, distúrbios de absorção intestinal e alérgicos alimentares preferencialmente também não devem ingerir cardoidratos. Para ela, o excesso de grãos na alimentação dos pets pode causar problemas de má digestão, obesidade, diabetes e alergias.
“Quando filhotes, cães de trabalho ou atletas, doentes, em recuperação de grandes cirurgias ou gestando, eles podem receber a adição de carboidratos na dieta. Ao escolher as rações, é importante preferir as do tipo super premium, que apresentam carboidratos de melhor qualidade”, opina Raquel.