Antes restrita às áreas de mata e mais úmidas do país, a Leishmaniose está se alastrando às grandes capitais por causa das mudanças no meio ambiente. Na Grande São Paulo casos de cachorros contaminados que nunca saíram da região estão sendo registrados. O alerta é da veterinária especialista em dermatologia, Eloísa Carvalho.
A profissional do Hospital Veterinário Santa Inês afirma que está escutando muitos relatos de colegas da área de atuação. "Guarulhos está com muitos casos. Em Caieiras um cão infectado foi diagnosticado e o mosquito transmissor portador do vírus foi encontrado no local, então existe uma chance alta de transmissão. Hoje (sexta-feira, 26) mesmo recebi a ligação de uma colega que teve um paciente diagnosticado com a doença na Zona Leste", conta.
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A informação é preocupante, já que a Leishmaniose é uma zoonose - pode ser transmitida para humanos - e, se não tratada, leva a óbito em até 90% dos casos. Causada pelo protozoário Leishmania, a doença possui dois tipos. O mais comum no Brasil é a Leishmania braziliensis, que causa a Leishmaniose tegumentar e acomete a pele. O outro é a Leishmania infantum, que causa a Leishmaniose visceral, responsável por comprometer os órgãos (fígado, rim, baço e medula óssea).
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A transmissão acontece através da picada do mosquito palha fêmea, também conhecido como tatuquira, asa dura, asa branca, cangalhinha, birigui, entre outros. Os cães servem de reservatório natural do parasita Leishmania. "Se o mosquito picar o cão infectado com esses protozoários e picar o homem, pode transmitir a doença para ele. Assim como pode transmitir também para outros cães e outros animais", explica Eloísa.
Na maioria dos casos os sintomas não se manifestam nos cães. Os principais sinais são crostas e descamações pelo corpo (principalmente em região da face), aumento dos gânglios, lesões ulceradas, crescimento e deformação das unhas.
"É uma doença de difícil cura, porém com controle se houver um diagnóstico precoce. E o que nós mais queremos nesse momento, sabendo que ela está chegando a São Paulo, é fazer a prevenção correta nesses pacientes para eles não adquirirem a doença. E assim também estaremos nos protegendo, pensando em uma forma de saúde pública," explica a veterinária.
Para a prevenção, Eloísa indica o uso de inseticidas, pipetas e coleiras que repelem o mosquito palha. Outra opção é a vacinação, porém um cão vacinado pode ficar infectado sem ter os sintomas e ser um potencial transmissor. A situação requer atenção e qualquer alteração já sugere a procura de um veterinário, já que um diagnóstico precoce pode significar vidas salvas.