Cobra como animal de estimação: espécies mais comuns e cuidados necessários

Serpentes não são pets comuns, mas estão ficando cada vez mais populares nas casas dos brasileiros

Os  animais exóticos estão fazendo cada vez mais sucesso como pets. As espécies de cobras são alguns desses bichos diferentes que muitas pessoas escolhem para fazer parte do seu dia a dia e, mesmo que pareçam perigosas, se manejadas corretamente, algumas delas podem se tornar companheiras inseparáveis de seus donos.


Cobra atendida na clínica veterinária AmahVet
Foto: Divulgação/ AmahVet
Cobra atendida na clínica veterinária AmahVet

Nem todas as cobras são venenosas, porém, todas têm presas bem afiadas que podem causar machucados. Para saber mais sobre esses animais fascinantes, consultamos a médica veterinária especialista em animais silvestres e exóticos, Camila Gregorutti Soares, da clínica AmahVet. 

“As espécies mais comuns e mais indicadas de se manter em casa é a Jiboia (Boa constrictor) e a Corn Snake (Elaphe guttata), que são extremamente bonitas e não muito difíceis de cuidar”, explica. Para ter uma serpente em casa é preciso um ambiente correto, que é um terrário. “Deve ser um ambiente espaçoso, de fácil limpeza, e que não tenha possibilidade de fuga (serpentes adoram fugir). Precisa também ter controle de temperatura e umidade, além de um sistema de aquecimento através de pedras ou tocas e, dependendo da espécie, até luz ultravioleta”, conta Camila. A veterinária ainda alerta para a forragem do terrário que, já que algumas espécies podem ingerir. “O ideal é utilizar grama sintética para que o pet não coma.”

Ao contrário dos animais domésticos comuns, as cobras não se alimentam todos os dias, pelo contrário, elas podem ficar algumas semanas sem comer. “A frequência e quantidade de comida depende da idade e temperatura do animal. Animais jovens costumam a comer mais vezes por conta do crescimento, e em temperatura fria, costumam não comer durante semanas”, explica Camila. O espaço entre as refeições das cobras, em geral, é de 15 a 20 dias, e elas se alimentam de pequenos animais e roedores, como camundongos. 

Você viu?

Mesmo não demonstrando afeto como cães e gatos, as cobras se afeiçoam aos donos e os reconhecem, conta a veterinária. Porém, é preciso ficar atento aos sinais de uma cobra estressada. “Durante a época de troca de pele ou com ovos, o animal pode ficar mais acuado e acabar mordendo. No caso das cobras constritoras, elas podem apertar muito o humano e machucá-lo”, alerta Camila. 

A respeito da saúde das serpentes, a profissional comenta que o problema mais comum é a estomatite, e outros causados por manuseio incorreto do próprio dono, mas que, em geral, esses animais não costumam precisar de cuidados especiais referente à doenças. Por fim, a veterinária deixa claro que é necessário encontrar um criadouro legalizado para adquirir sua cobra. 

Experiência de uma dona de cobra


A bióloga e futura médica veterinária Christine Lima de Oliveira conta um pouco de sua história com Poseidon, sua serpente da espécie Jibóia boa constrictor constrictor. O pet fará dois anos em dezembro, e é o fiel companheiro de sua dona. “Tenho o mesmo amor por ele como amor a qualquer outro dos meus pets.”

Foto: Reprodução/ Christiane
Christiane com Poseidon

Christine explica que foi seu pai, que viveu criando estes animais, quem incentivou o gosto pelas cobras. “Para mim, é normal ter um pet desses. Tenho ensino superior de ciências biológicas e hoje estou na segunda formação, cursando medicina veterinária, porque amo esses animais.” E, ela não se deixa abalar pelo que os outros falam. “Muita gente estranha, perguntam sou doida. Infelizmente, ainda existem muitos tabus referentes às cobras, e meu trabalho é fornecer educação ambiental e explicar a real importância delas na nossa vida”, completa. 

Ela mora com seu marido e sua filha, além de outros animais que se dão bem com Poseidon. “Quem tem vontade de conhecer, eu deixo, mas claro que respeitando o espaço do animal”, finaliza.