A frequência de banho dos animais de estimação é um tema que gera muitas dúvidas nos tutores. Enquanto alguns acreditam que banhos frequentes são essenciais para a saúde e higiene de seus pets, outros temem que a prática excessiva possa causar problemas de pele e estresse nos animais.
A médica veterinária com especialização em dermatologia e otologia Camila Molan Botton explica que, na teoria, os animais não deveriam tomar banho: “O que eu sempre explico para os tutores quando eles vêm ao meu consultório é que cachorros não têm necessidade de tomar banho com frequência. Na verdade, quando o cachorro tem a pele saudável, ele não precisa tomar banho nunca. Isso não quer dizer que ele não possa tomar banho.”
A especialista explica que o banho em cães se torna imprescindível apenas em casos de tratamento dermatológico, como infecção fúngica, infecção bacteriana ou ressecamento da pele. Nesses casos, a higienização da pele do cão torna-se obrigatória para que não surjam problemas maiores.
Nos casos em que o tutor opta por dar banho sem a obrigatoriedade médica, Camila explica que devem ser tomados alguns cuidados para que a saúde do animal não seja afetada: “Deve-se evitar produtos que não sejam especializados para pets, pois os produtos feitos para pets têm o pH adequado para a pele deles e não contêm ingredientes que possam prejudicá-los. Eu recomendo usar sempre um shampoo hidratante, pois ajuda a hidratar a pele, restaurar a barreira cutânea e proteger contra a perda de água transepidérmica e penetração de alérgenos. O uso de condicionador também é importante, pois assim como nós precisamos de shampoo e condicionador para ter cabelos hidratados, o pelo e a pele do cachorro também se beneficiam desse cuidado”.
O uso de produtos inadequados pode acarretar diversos problemas na pele do animal. Caso tutores desavisados utilizem sabão de lavar roupa ou detergente de cozinha para lavar a pele do animal, isso pode causar uma reação alérgica grave, como uma reação urticariforme, sensibilizando a pele.
Camila também explica algumas questões com outros animais, como gatos, que devem ser levados em conta quando o tutor pensar em estabelecer uma frequência de banhos: “Especialmente no caso de gatos, é importante considerar que o gato pode estressar-se e até desenvolver alguma doença devido ao banho forçado”.
O mais adequado, segundo a especialista, é o acompanhamento clínico para saber se os produtos utilizados podem afetar a pele do animal e, assim, evitar irritações e alergias nos pets.
Já sobre frequência, o comprimento da pelagem e o estilo de vida podem ser determinantes. Geralmente, seguindo as orientações veterinárias, recomenda-se dar banho no animal a cada 15 dias. No entanto, o excesso de banho pode levar a consequências graves para o cão, como a remoção da oleosidade natural da pele, que funciona como uma proteção contra fungos e bactérias, tornando-o mais suscetível a alergias e doenças dermatológicas.
Outro ponto é o acúmulo de umidade entre os pelos, que pode favorecer a proliferação de microrganismos prejudiciais à saúde. O banho também pode diminuir a imunidade do animal, pois remove as bactérias benéficas que auxiliam na proteção do organismo e da pele. Banhos em dias frios e mudanças bruscas de temperatura corporal também podem contribuir para a redução da imunidade.