A alimentação é uma parte vital e fundamental para todos os seres vivos. Há espécies que conseguem viver dias sem comer. Outras, necessitam de uma alimentação frequente e regrada, como é o caso de cães e gatos. Para a alimentação dos pets, no entanto, diversas dúvidas surgem: qual a frequência que devo dar a ração? Quanto de alimento dar por refeição? Como isso impacta no comportamento do animal?
O que os tutores devem ficar atentos é que a falta ou excesso de alimentos podem desencadear diversos problemas de saúde, indo de falta de nutrientes para os animais até obesidade e hipoglicemia, por exemplo.
A especialista em endocrinologia veterinária Katiane Rocha explica que a alimentação de um animal deve ser acompanhada de perto por um veterinário. “É muito importante a gente organizar a alimentação dos animais de maneira que seja respeitada a idade, o nível de atividade desse paciente, para podermos decidir a quantidade de calorias”.
Por ser um trabalho que envolve fatores biológicos e genéticos de cada cão, não há um padrão certo determinado para que seja seguido por todas as raças, sendo de extrema importância o acompanhamento profissional de um nutrólogo ou endócrino com o animal.
“Esse acompanhamento da quantidade de alimento é a regra clara, né? Então, se o animal está ganhando peso, está comendo mais do que gasta com atividade física. Se está perdendo peso, está gastando mais do que consome. Esse cálculo deve ser bem organizado, preferencialmente por um veterinário. Ficar pesando constantemente, todo dia, não é necessário. Mas, especialmente no caso de filhotes, é interessante pesá-los a cada 15-30 dias no máximo, para observar essa necessidade calórica e ajustar a quantidade de calorias de acordo com a necessidade diária”, explica Katiane.
“Eu sempre falo que a questão deve ser muito individualizada. Temos que pensar em cada animal como um ser único. Não dá para padronizar e dizer: 'Vamos tirar 20% ou 30% da quantidade ou aumentar 20% ou 10%'. Cada um é um indivíduo, cada um tem um metabolismo”, completa.
Espaçamento das refeições
Sobre quantas vezes ao dia o animal deve ser alimentado, novamente Katiane afirma que deve ser levada em consideração a individualidade de cada animal. Entretanto, deve-se ter em mente que é necessário o espaçamento para que não ocorram problemas de saúde com os pequenos.
“Muitos animais não conseguem ficar em jejum prolongado, principalmente os de porte pequeno. Esses animais podem desenvolver hipoglicemia com mais facilidade, então, às vezes, é necessário fracionar a alimentação um pouco mais”, afirma a veterinária.
Ela aconselha que cães adultos de pequeno porte devem se alimentar três vezes ao dia e, para filhotes, quatro vezes ao dia. Essa quantidade pode ser um pouco menor ou maior, dependendo do animal: “ Se percebermos que o animal é muito pequeno, propenso à hipoglicemia ou um paciente que vomita após períodos prolongados de jejum, podemos organizar esse manejo de uma maneira diferente”. No caso de cães de grande porte, o conselho é não deixar a comida em abundância, pois há risco de torção gástrica, sendo necessário dividir em ao menos duas refeições.
“Respeitar um período de 12 horas entre as refeições é muito interessante, pois dá um tempo para o intestino descansar, o que pode melhorar a microbiota intestinal e permitir que o trato gastrointestinal se regenere. No entanto, alguns animais não toleram esse jejum prolongado. Por isso, é importante considerar a individualidade de cada animal”, continua Katiane.
Nunca deixe o alimento em abundância na tigela
A veterinária, que é adepta de refeições naturais para pets, ainda ressalta que há riscos em deixar a comida em abundância no pote, pois há riscos de estragar e fazer mal ao animal. “Mesmo com ração, que oxida, perde nutrientes, pode fermentar e estragar, é perigoso”.
Outro ponto ressaltado é a probabilidade de o animal criar hábitos não naturais para a espécie: “O animal pode criar o hábito de petiscar e não comer no horário certo. Deixar a ração à disposição é muito ruim, nem mesmo para gatos, apesar da cultura de que gatos precisam de comida disponível o tempo todo. Na natureza, os gatos não têm comida disponível o tempo todo; eles são caçadores e carnívoros. Então, até os gatos precisam ser adaptados a horários regulares de alimentação.”
Katiane ainda dá dicas de como ajudar a melhorar a nutrição dos pets através de petiscos naturais e saudáveis: “Se ele usa alimentação natural, com frutas e vegetais, uma boa escolha de snacks são cenoura, banana, maçã e brócolis. No entanto, essas não são as escolhas mais inteligentes para aqueles que já consomem ração, que contém muito carboidrato. Utilizar snacks à base de proteínas, como carne, ovo de codorna e peixe, é a melhor opção para todos os animais, especialmente para gatos, que são carnívoros e precisam incluir carne em sua dieta”, explica
Segundo a veterinária, é de suma importância que os animais tenham contato com texturas que não sejam crocantes como as rações, pois eles acabam viciando na crocância e podem gerar problemas de seletividade alimentar no futuro. “Isso pode dificultar quando ficam doentes e precisam de um alimento mais úmido e de maior qualidade proteica”, finaliza.