Por que os cavalos mordem? Veterinário alerta sobre os sinais
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Por que os cavalos mordem? Veterinário alerta sobre os sinais

Embora seja comum que cavalos expressem suas emoções por meio de sons e movimentos corporais, alguns tutores se assustam quando o animal demonstra comportamentos agressivos, como morder.

Segundo o veterinário Rafael da Silva, a mordida pode ser normal em certos contextos, mas também pode indicar algum problema.

“A mordida é uma forma de comunicação natural entre cavalos. Eles usam para brincar, se defender ou até para demonstrar hierarquia no grupo”, explica.

“O problema é quando este comportamento se volta contra pessoas, o que geralmente indica algum desequilíbrio no manejo ou na relação animal.”

Por que o cavalo morde?

De acordo com Rafael, existem vários motivos que podem levar um cavalo a morder e nem sempre eles estão relacionados à agressividade.

Entre os principais, estão o desconforto físico, como uma sela mal ajustada, problemas dentários ou nos cascos; medo e insegurança, quando o animal se sente encurralado; tédio e frustração, comuns em ambientes sem estímulos; e disputas por hierarquia.

Em cavalos jovens, o comportamento pode ter origem na curiosidade e nas brincadeiras.

“Ou seja: morder não é um ‘mau hábito’ isolado. Geralmente há uma causa subjacente importante que precisa ser compreendida e corrigida” , ressalta o veterinário.

Sinais de alerta

Antes de morder, o cavalo costuma demonstrar sinais claros de incômodo. Observar a linguagem corporal é essencial para evitar acidentes. Orelhas voltadas para trás, movimentos bruscos de cabeça, tensão no pescoço e nos ombros e postura mais retraída são alguns dos indícios de que algo não vai bem.

“Ficar atento a esses ‘pré-avisos’ faz toda diferença”, alerta Rafael.

Ele reforça que a mordida pode ser uma reação à dor, ao medo ou à frustração. Um cavalo com dor, causada por problemas na sela, nos dentes ou nos cascos, pode morder como uma forma de dizer “pare” ou “afaste-se”.

Quando o ambiente é pobre em estímulos e há falta de socialização, a tendência é que comportamentos negativos surjam como forma de escape.

“Quando o cavalo morde, não pense que ele é mal-educado. Pense: ‘o que ele está tentando me dizer?’”

Manejo

Cavalo recebendo carinho
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Cavalo recebendo carinho

Um manejo adequado é fundamental para prevenir comportamentos indesejados. Alimentação balanceada, socialização e rotina estável são pilares para o bem-estar dos cavalos.

Rafael explica que a privação social, o isolamento em baias, por exemplo, pode gerar estresse e, consequentemente, comportamentos agressivos.

“Cavalos são animais de grupo, e a privação social pode gerar estresse, que muitas vezes se manifesta em mordidas ou outros comportamentos indesejados”, afirma.

“O cavalo deve ser tratado como um animal social, com necessidades físicas e mentais.”

O especialista destaca ainda que a idade influencia no comportamento. Potros e cavalos jovens costumam morder mais por brincadeira e curiosidade, explorando o mundo com a boca. Já nos adultos, as mordidas geralmente estão relacionadas à dor, ao desconforto ou a um comportamento de domínio.

Quando o cavalo machuca

As mordidas de cavalo podem causar ferimentos graves. Segundo Rafael, os riscos vão desde cortes e hematomas até fraturas, principalmente nas mãos e nos dedos, devido à força da mandíbula do animal.

Além dos danos físicos, também há impactos psicológicos, como o medo de se aproximar novamente do cavalo, algo que pode comprometer a relação de confiança.

Em caso de acidente, os cuidados devem ser imediatos. A recomendação é lavar a ferida com água e sabão e procurar atendimento médico.

“Pode haver necessidade de suturas, antibióticos ou vacinação antirrábica e antitetânica”, explica. O veterinário também deve avaliar o cavalo para identificar a causa do comportamento e ajustar o manejo.

Mordida de cavalo
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Mordida de cavalo

“Cavalo não morde ‘porque quis’. Na maioria das vezes, existe uma causa subjacente que precisa ser compreendida e corrigida.”

Risco de infecções

As mordidas também representam risco de infecção, já que a boca do cavalo contém muitas bactérias.

“Se a pele for rompida, aumenta significativamente a chance de infecção” , alerta o especialista. Em casos mais graves, há até risco de transmissão de doenças como Mormo e Raiva, que podem atingir humanos.

Por isso, toda mordida deve ser tratada com seriedade, mesmo que pareça superficial. “É essencial buscar avaliação médica imediata”, recomenda Rafael.

Treinamento e prevenção

Apesar dos riscos, é possível treinar o cavalo para não morder. O segredo está em compreender a causa do comportamento e adotar métodos de adestramento baseados em reforço positivo. Recompensar atitudes corretas e evitar punições severas são estratégias eficazes.

“Consistência, paciência e empatia são fundamentais para construir confiança e eliminar comportamentos indesejados”, afirma o veterinário.

Ele também reforça que o temperamento individual é mais determinante do que a raça. “Não depende da raça, mas sim do histórico de manejo, da socialização e do treinamento. Mais do que raça, é preciso avaliar o indivíduo, considerando seu passado, ambiente e rotina.”

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