Felinos: estratégia, adaptabilidade e poder
Montagem Portal iG
Felinos: estratégia, adaptabilidade e poder


Ageis, silenciosos, solitários e absolutamente fascinantes. Os felinos  imponentes -  leões das savanas africanas  ou as discretas jaguatiricas das florestas brasileiras -  carregam uma variedade impressionante de comportamentos, habilidades físicas e estratégias de sobrevivência.

Entender o que torna cada espécie única é essencial para compreender não apenas a ecologia desses predadores, mas também a forma como interagem com o ambiente e com outras espécies, inclusive humanas.

Solitários 

O porte corporal dos felinos molda suas técnicas de caça e defesa, uma lógica bem observada por Jorge Menezes, líder no Instituto Mamirauá:

“A maior parte dos felinos tende a caçar animais menores que eles. Quando atacam presas maiores, isso frequentemente requer que os animais ajam em conjunto, como no caso dos leões.”

Leão caçando sozinho um animal menor que ele
Pixabay
Leão caçando sozinho um animal menor que ele

A complexidade de subjugar uma bisonte ou zebra faz com que apenas os felinos que vivem em grupo adotem esse comportamento .

Essa dinâmica também explica por que a maioria dos felinos é solitária, exceto os que caçam presas grandes ou perigosas.

“O hábito de viver em grupos é, no geral, devido aos grupos caçando animais maiores que eles ou mais perigosos”, frisa Menezes.

Adaptação a ambientes alterados

No Brasil, a resiliência dos felinos aos biomas humanos varia:

“A onça‑parda se destaca pela sua relativa adaptabilidade, sendo encontrada em ambientes abertos e fazendas.”

Onça na natureza
Pexels
Onça na natureza


Já os felinos menores, como gato‑do‑mato e jaguatirica, dependem de florestas intactas. 

No caso da onça‑pintada, presente no Pantanal e Caatinga, “também tem preferência por locais arborizados.”

Velozes e silenciosos

Entre os grandes felinos, cada um ostenta uma característica notável:

  • Velocidade: o guepardo, detentor do título de animal terrestre mais rápido, atinge até 120 km/h, acelerando de 0 a 100 km/h em cerca de três segundos e cobrir até 460 m nessas condições intensas;
  • Força de mordida: a onça‑pintada é imbatível entre os felídeos, com força no maxilar que pode ultrapassar 1 500 PSI ( 103,41 quilogramas-força por centímetro quadrado), com média de 887 N apenas nos caninos. Essa mordida permite-lhe esmagar crânios e cascos de presas robustas, assegurando uma morte rápida antes que o animal reaja.

“A mordida forte garante que ela mate sua presa antes que a mesma possa contra-atacá-la”, acrescenta Menezes.

Jaguatirica
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Jaguatirica


Sobre o felino mais silencioso, admite:

“Desconheço medidas sobre o silêncio dos animais.”

Interações surpreendentes: o “modelo de pistão”

Algo que escapa ao amplo público é a forma como vários felinos compartilham território. Com base no que definiu como “modelo de pistão”, Menezes explica:


“Onças-pintadas evitam onças-pardas, e jaguatiricas evitam onças-pardas, e por consequência acabam preferindo ficar próximas de onças-pintadas. Na hierarquia dos gatos, os gatos menores não gostam de seus superiores.”

Essa configuração revela uma estratégia sofisticada para evitar conflito e manter nichos adaptativos solos.

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