Muito do que sabemos sobre os cães, suas emoções, comportamentos, saúde, e outros aspectos, se deve aos estudos científicos que buscam entender os padrões que tornam esses resultados mais “palpáveis”. Mas como isso funciona? Vamos entender
A metodologia usada por pesquisadores é diversa e já se comprovou eficaz e eficiente. As estratégias usadas na metodologia neuro compatível, por exemplo, não são inventadas, mas sim formadas por um compilado do que já foi descoberto por meio da neurociência e da etologia.
A geneticista Camilli Chamone é criadora da metodologia neuro compatível de educação canina no Brasil. Ela explica: “Minha metodologia é o compilado de inúmeros estudos sobre as emoções, a neurofisiologia, a neuropatologia e o padrão comportamental dos animais, em bem-estar e em estresse.”
“Embora pareça contraintuitivo a uma pessoa leiga, as emoções não são metafísicas”, diz Chamone. “Elas são matéria, produto da atividade cerebral. Sejam emoções de valência positiva (felicidade, satisfação, calma) ou negativa (frustração, tristeza, medo), todas elas são o resultado do equilíbrio ou desequilíbrio de moléculas chamadas neurotransmissores.”
A geneticista diz que os neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelos neurônios, que transmitem informações dentro do cérebro, “são verdadeiros ‘fofoqueiros biológicos’”. “Eles desempenham papéis essenciais no controle do humor, na memória, no sono, na atenção, na aprendizagem, no comportamento e, inclusive, na função muscular”, pontua.
Os neurotransmissores são responsáveis por gerar emoções, e as emoções geram comportamentos. “Portanto, se o nosso objetivo é melhorar comportamentos, nosso foco deve estar em restabelecer o bom funcionamento do cérebro, para que, consequentemente, a circulação dos neurotransmissores ocorra de forma fisiológica, e não patológica”.
Na metodologia neuro compatível de educação canina, os especialistas trabalham com cinco pilares, que são a base do bom funcionamento do sistema nervoso central. São eles: Gerenciamento das emoções; Sono de qualidade; Atividade física; Enriquecimento ambiental (para cães confinados); e Dieta biologicamente apropriada (prescrição de competência do médico-veterinário nutricionista).
“Um cão que dorme da forma certa, pratica atividade física regularmente, nos horários adequados, que é estimulado cognitivamente da forma adequada e que se alimenta bem, tem um cérebro saudável. Como consequência, nesse cão predominam emoções de valência positiva e maior facilidade de aprendizagem e memorização”, diz Chamone.
Chamone lembra que “acreditava-se que os comportamentos dos cães eram exclusivamente aprendidos ou enfraquecidos de acordo com as consequências que seguem a sua ocorrência (recompensas ou punições)”. Essa teoria vem do psicólogo behaviorista B.F. Skinner e esse entendimento data da década de 1930.
Os achados de Skinner ainda são importantes, diz Chamone, mas a neurociência já descobriu que padrões comportamentais são muito influenciados por respostas emocionais, além de outros fatores, como experiências passadas, aspectos biológicos não hereditários, genética e, principalmente, o ambiente no qual o animal vive.
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