No dia 15 de maio é celebrado o dia internacional da família, proclamado pela ONU em 20 de setembro de 1993. Família é considerado um grupo de indivíduos que se protegem, se cuidam e se amam. Não há um padrão para a família, pode-se ter apenas um pai ou uma mãe, assim como dois pais e duas mães, por exemplo. Casados ou solteiros, sem padrões previamente definidos.
Assim como os filhos, que podem ser biológicos ou adotados, da mesma espécie ou não. Para celebrar este dia, o Canal do Pet traz a história de três famílias diferentes, com algo especial em comum: são todos pais e mães de pet e mostram que o amor para um filho independe de qualquer coisa, é apenas amor.
Ayumi Sato, Allan Souza e a filha Ada
Ayumi Sato e Allan Souza, vivem em São Paulo e são pais de Ada, uma gatinha de aproximadamente um ano e cinco meses. Os dois trabalham e fazem faculdade. O casal mora em um prédio e compartilham o corredor com mais duas, a mãe e irmão mais velho de Ayumi moram juntos, assim como os pais e irmão de Allan. Juntas, as três famílias formam um “corredor de gatos”, deixando os bichanos andarem livremente em frente aos apartamentos e uns cuidam dos gatos dos outros.
Ada é uma gata comunicativa e carinhosa, adora sentir o vento e é cheia de energia. Ama brincar, o que é jogado para ela, ela trará de volta – até parece um cachorro. Como um bom felino, é muito curiosa e ama cheirar e lamber tudo o que os pais humanos fazem na cozinha, principalmente aos sábados, quando chegam os alimentos orgânicos.
O começo de tudo
O casal não pensa em ter filhos – humanos, no caso – e fazem muitos planos, nos quais Ada está em todos eles. Ada foi resgatada pelo irmão de Ayumi e seria adotado por um amigo. Em uma visita à sua mãe, antes de começar a pandemia de Covid-19, Ayumi conta que viu seu irmão chegar com a gatinha que havia acabado de encontrar na rua e foi logo para o seu colo, onde ficou o dia todo, saindo apenas para ir aos braços de Allan, o futuro papai.
Foi aí que notaram que ela os tinha escolhido. Ada foi levada para casa e, em algumas semanas, a levaram ao veterinário para que fosse castrada, foi então que descobriram uma doença no ouvido. Foram noites seguidas cuidando dos medicamentos da filha recém adotada, que se esforçava também em seu tratamento, mesmo incomodada, resistia bravamente.
O amor e os custos de vida
A ração é comprada a cada seis meses, alguns poucos remédios, areia higiênica e até um seguro é pago para ela, como convênio médico. Ada faz as refeições junto com os pais, ela come atum. Sempre que possível, colocam uma coleira e a levam para um passeio pelo condomínio. Contudo, os minutos diários de brincadeiras para ela, são sagrados. Ada ama deitar em cima dos computadores de seus pais, e sempre dá um jeito de invadir as reuniões, já que morre de ciúme quando nota que está recebendo menos atenção.
Completa a família
Gatos são independentes, mas demandam muito carinho e atenção. O casal não sente falta de mais nada, Ayumi lembra que não há como comparar um filho pet com um bebê humano, mas brinca com a vantagem de que gatos não se tornam adolescentes. Antes de ter a Ada, Ayumi havia acabado de sair da casa da mãe, que tem um gato e uma cachorrinha, seu irmão, que morava com amigos, também tinha um gato. O casal sentia que algo estava faltando, e estavam tristes, Ada chegou para preencher esse espaço e definitivamente se tornou a alegria do lar.
Amanda Iohn, Kathelin Matias e os filhos Loop, Sebastian e Pluck
Amanda Iohn e Kathelin Matias, moram em São Paulo. Juntas há quase quatro anos, resolveram morar sob o mesmo teto há três. A partir daí, adotaram Loop, mas a família ainda poderia ser maior e vieram o Sebastian e, para fechar, a Pluck.
O casal se conheceu em uma balada de São Paulo, Kathelin é DJ, e viajava muito, antes de a pandemia começar, e os cães sempre fizeram companhia para Amanda. Já até salvaram a casa de um assalto. O casal cuida de seus pets com todo o amor do mundo, como filhos que são. Elas conversam com eles, e garantem que eles entendem.
São uma verdadeira família. Possuem uma ligação muito forte. Cada cãozinho tem sua própria personalidade e um papel importante na vida de suas mães humanas. Elas não comparam um filho pet a um filho humano, sabem que é diferente, mas essa é a forma mais carinhosa que se pode falar. (as duas inclusive pensam e dar um irmão, ou irmã, humano para os pets, no futuro)
Loop tem três anos, é o irmão mais velho e também o mais carente, sente um pouco de ciúme dos outros, mas é muito protetor. Houve uma ocasião em que dois bandidos tentaram invadir a casa e, graças aos seus avisos, conseguiram impedir. Pouco depois de Loop, veio o Sebastian, que tem dois anos, que é diferente dos outros: tem seus traumas e sente medo de altura, banho e pessoas. O cuidado com ele é intenso, inclusive após sofrer uma lesão em que quase ficou sem andar, é tratado com acupuntura e já está melhorando. O início do tratamento foi desesperador, suas mães revezavam em turnos para vigia-lo 24 horas, foram dias sem dormir. O cãozinho não conseguia comer, ou fazer as necessidades sozinho.
Por último, a caçula da família, a Pluck, com apenas um ano, ela tem personalidade forte e é extremamente apegada a Kathelin. Pluck chegou a ser roubada de sua casa, deixando suas mães desesperadas e chorando por dias. Graças a uma publicação nas redes sociais, conseguiram recuperar a filha canina em outra cidade. Pluck ama o irmão mais velho, Loop, e imita tudo o que ele faz.
Os três irmãos se dão muito bem, Sebastian precisou ser afastado enquanto se trata de suas lesões, e suas mães notam que seus irmãos, muito carinhosos entre si, sentem a falta dele.
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A vida com os pets
Os três cãezinhos são essenciais na vida do casal, eles sentem quando elas não estão bem, estão sempre juntos nos momentos difíceis, até parecem sofrer juntos. Amanda tem crises de ansiedade, mas só de estar perto de seus filhos de quatro patas, já sente que tudo melhora. A vida pode ser dividida entre “antes e depois” da chegada dos filhos peludos, algo faltava e eles vieram para completar e encher de alegria. Elas são gratas por terem a oportunidade de amar e cuidar, como uma boa família deve fazer.
Lucas Nobre e Romina "Rolezeira"
Lucas Nobre é solteiro, gaúcho e mora sozinho há dez anos em São Paulo. Sua família sempre teve chácara e um apartamento em uma cidade próximo a São Borja, fronteira com a Argentina. Sempre tiveram cachorros, mas ele não sentia que eram deles, de fato. Apesar de gostar, nunca quis ter a responsabilidade de cuidar de um pet.
Até que, no Réveillon de 2017, ele vivia a pior época de sua vida: estava desempregado, com depressão e sua reserva financeira havia acabado. Não conseguia emprego, com o aluguel atrasado, em um imóvel na região da Avenida Paulista e cheio de dívidas. Uma conhecida o chamou no WhatsApp e soube que duas protetoras estavam em Interlagos quando uma cachorrinha entrou para o carro delas, com medo dos fortes barulhos dos fogos de artifício. Os maridos das protetoras não aceitavam que as duas levassem mais animais para suas respectivas casas. Foi assim que Lucas soube que o abandono de animais cresce muito durante as festas de fim de ano.
Uma protetora da região da Avenida Paulista acolheu a cachorra, um pinscher, que mordia todas as pessoas a sua volta, Lucas foi visitar e, ao chegar, a pinscher ficou calma e, diferente do que fazia com os outros, permitiu que a tocasse. Ao verem a cena, ofereceram a cachorrinha para ele, que recusou, pois não teria condições de sustenta-la. Ele pode notar o desespero na cara das protetoras, que não tinham mais vagas para a cachorrinha, durante a pior época do ano, para quem trabalha com acolhimento animal.
Lucas então decidiu aceitar, oferecendo apenas um lar temporário, por sete dias, para que encontrassem um lar definitivo para ela. No dia seguinte, foi convidado para ir a um churrasco com os amigos. Sem saber se a cadelinha iria se comportar enquanto estivesse fora, por medo de arrumar problemas no condomínio, decidiu levar a pet.
A pinscher tentou fugir algumas vezes, mas sempre acabava ficando ao lado de seu tutor. Até que Lucas precisou ir ao banheiro e começou a ouvir os gritos de desespero da cachorrinha. Ao voltar, a pinscher o olhou direto nos olhos, com expressão de alívio. Foi nesse momento que Lucas pensou consigo mesmo “Ferrou, ela me escolheu! E agora?”
Lucas percebeu que havia caído em uma armadilha do destino quando o perguntaram sobre o nome da pet que o acompanhava, e ele respondeu o primeiro nome que veio a cabeça: Romina. (personagem de seu filme preferido “Relatos Selvagens”)
Ao dar nome à cachorrinha, percebeu que não conseguiria mais devolve-la. Seu anúncio de que ficaria com a pet foi motivo de festa entre as protetoras. Contudo, suas condições financeiras ainda estavam muito mal. Por algum tempo, se manteve recebendo doações de ração e saiu de seu apartamento por falta de condições financeiras. Mas, dessa vez, não estava sozinho, Romina o acompanhava para todos os lugares, não importavam as condições.
Nos tempos de perrengue, para Lucas, a prioridade era sempre ela, por pior que estivesse, abandona-la jamais passou por sua cabeça. Aos poucos tudo foi se ajeitando, ele se curou da depressão, conseguiu um novo emprego e foi superando as dificuldades. Apenas seis meses depois, decidiu sair do trabalho, para ele era uma tortura ficar o dia inteiro longe de Romina.
Surgiu uma proposta em um lugar em que aceitavam cachorros e ele aceitou. Com o tempo conseguiu quitar todas as dívidas e sua situação começou a melhorar. Há dois anos resolveu abrir seu próprio negócio em casa, para melhorar sua qualidade de vida e lidar com algo em que acreditava. Mas, o melhor de tudo, ficaria 24 horas ao lado de sua “filha espiritual”. Com suas condições melhorando, prometeu a si mesmo que daria o melhor possível para Romina, retribuindo o que os cachorros sabem fazer de melhor: dar amor incondicional.
Hoje, Romina Rolezeira, como é chamada, por seu gosto todo especial por passeios, come ração da melhor qualidade, toma todas as vacinas em dia e tem até plano de saúde. Ela esteve ao lado de seu pai adotivo nos piores momentos de sua vida e ele sente que não há nada mais justo do que retribuir. Hoje, Lucas mora em Mogi das Cruzes, lugar que escolheu para que pudessem ter mais tranquilidade e estar mais próximo da natureza.
Pai de Pet
Lucas confessa que achava bobagem a história de “pai de pet”, mas, graças à sua convivência com a filha canina, seu lado paterno despertou e hoje considera a ideia de ter filhos, mesmo que seja solteiro. Hoje ele acredita que ser pai de pet o está preparando para ser pai de verdade e que Romina despertou esse sentimento que jamais imaginou que existia.
“Nunca entro em discussão de medir amor de filho humano e amor de cachorro ou gato porque é impossível. São dois pesos, duas medidas de algo, então é impossível de medir. Afinal, o amor é imensurável! Se existe amor, é o que vale. E quem critica, deixa que fale sozinho”, diz ele.