Você já viu o seu cachorro roncando ou se mexendo enquanto dorme e se perguntou se ele pode sonhar? Pois a ciência afirma que sim, os cães sonham assim como os seres humanos!
A geneticista Camilli Chamone explica que o sonho é uma etapa importante do sono e serve para ressignificar uma determinada experiência vivida pelo sujeito. "Os estudos mostram que, no sonho, uma situação estressante na qual o cão passou é vivida em outro cenário, para que ela se torne menos traumática".
Todas são importantes para a regulação emocional e o aprendizado. Justamente por isso, não é aconselhável acordar um cachorro. "É importante que ele tenha o próprio cantinho para dormir. Assim, não fica com a qualidade do sono comprometida e preserva sua saúde mental", diz.
Ao contrário de nós, que temos sono monofásico, os cães têm sono polifásico, isto é, precisam dividir o sono ao longo do dia, além de dormirem quase o dobro dos humanos – cerca de 14 horas por dia.
Em todos os mamíferos o sono passa por duas etapas: a não REM (Movimento Rápido dos Olhos, em português) e a do sono REM.
O animal começa com o sono não REM, composto por quatro fases principais. "Na primeira ele ainda está meio acordado, meio dormindo; na segunda, o sono está um pouco mais profundo. Na terceira fase, seu nível de consciência diminui muito. Já a quarta fase é conhecida como sono profundo – é nessa hora que ocorre o descanso e o profundo", registra Chamone.
Após a quarta fase do não REM, o cão entra no sono REM – e esta é a fase dos sonhos. "Ela acontece só após a quarta fase do não REM, que é o sono profundo. Como sugere o próprio nome, 'Movimento Rápido dos Olhos'”, explica.
“Na etapa REM, o cérebro do cão fica superligado. Isso significa que, surpreendentemente, sua atividade cerebral é igual ou maior do que a do indivíduo acordado", afirma a geneticista. É nesta fase, de intensa atividade neural, que o cão ressignifica memórias que foram traumáticas, o que é muito benéfico para a sua saúde.
Ao perceberem barulhos e movimentos dos pets enquanto estão dormindo, alguns tutores acreditam que o animal está sofrendo e o acordam. A geneticista explica que isso é bastante prejudicial, pois interrompe essas fases clínicas e compromete a qualidade do sono.
“Isso consequentemente prejudica toda a regulação emocional e o aprendizado do cão, além da consolidação de memórias no cérebro. Se o indivíduo não dorme bem, ele não aprende e o cérebro até atrofia – e isso vale para humanos e outros animais", pondera Chamone.
Neste cenário, a geneticista destaca que um sono de qualidade passa por manter regulado o ciclo circadiano do pet – que diz respeito ao ritmo que o organismo realiza as suas funções ao longo de um dia.
O que cerca esse ciclo é a luminosidade e a escuridão. "Por isso, quando está de dia, é importante deixar a casa toda clara, mesmo que o cão esteja dormindo. Isso serve também para o período noturno – o ambiente deve seguir a natureza e, portanto, ficar escuro".
Estas ações ajudam a preservar o ciclo circadiano, que, se não estiver regulado, pode desencadear estresse. "O cérebro e o corpo dos cães funcionam de forma semelhante aos nossos. A diferença está nas competências cognitivas, que são mais desenvolvidas em humanos", compara.
Tendo todos os benefícios do sono em mente, sabemos o quão importante é deixar os nossos animais de estimação dormirem e, sobretudo, sonharem sem preocupações.
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