Quem nunca chegou em casa e, em vez de ser recebido por um cão alegre e saltitante, encontra o ambiente vazio e, após alguns passos começou a encontrar vestígios de que um “furaCão" passou por ali?
Pedaços de papel higiênico estão espalhados pela casa. Você torce para que não estejam sujos. E então chama pelo nome do pet, e ele está no canto está um pet, meio encolhido, rabo balançando timidamente e aquela cara de culpado.
Sem se dar conta, você já assumiu um tom de voz mais enérgico e o pet responde com aquele olhar que acerta em cheio no coração e a vontade de brigar até passa.
Orelhas baixas, corpinho curvado, rabo entre as pernas e olhinhos brilhantes e tristonhos, não estão ali por um ápice do remorso, os cães não fazem nada por mal e não sabem que algo foi errado, mas entender que aquela reação vai abrandar o nervosismo e diminuir as broncas do tutor, que deixam o pet amedrontado.
Diferentes estudos, liderados por Alexandra Horwitz e Julie Hecht, cientistas que estudam cognição e comportamento animal, descobriram que um cão que é colocado, ou provoca uma situação em que o tutor está bravo e irritado tende a apresentar uma postura de culpa, independente de ter feito ou não algo que não deveria.
Para comprovar, os estudos pediram que tutores ordenassem que o cão não comesse os petiscos que estavam em um pratinho. Dada a ordem, os tutores saíam da sala e, independente de o pet ter comido ou não o petisco, para alguns tutores era informado que o cão havia cumprido o comando e para outros que não.
Mesmo os cães que fizeram tudo certo e o tutor foi avisado do contrário assumiram a postura de culpa em reação ao tom de voz alto e bravo que receberam, mesmo sem ter feito nada de errado. Concluindo-se que essa postura não caracteriza arrependimento, mas uma forma de defesa por serem repreendidos pelos donos.
Por serem tão próximos dos humanos, foi criada uma falsa ilusão de que essa postura de culpa – bem semelhante à de quando sentimos vergonha ou arrependimento – demonstra de alguma forma que sabem que fizeram algo errado e estão arrependidos. Os cães não conseguem racionalizar isso como nós, e saber disso é importante para o convívio com os pets.
Não se deve comparar a postura de culpado com a efetividade de um ensinamento. Não é porque o pet fez um olhar de culpa que ele entendeu que algo é errado. A melhor maneira de ensiná-lo é recompensando as atividades corretas, como petiscos, elogios e carinho, e sendo firme quando fizer algo fora do combinado. A melhor maneira de adestrá-lo é conhecê-lo!