Corujas vivas em exposição do Harry Potter causam polêmica e mobilizam ativistas

O fato de as corujas estarem amarradas na exposição "Casa dos Bruxos" acionou ativistas da causa animal; veja o que a empresa responsável pelos animais silvestres alega

O Shopping Eldorado, um dos principais de São Paulo, foi mira  de ativistas pelos direitos dos animais. O estabelecimento é acusado de maus tratos e crueldade contra corujas trazidas para a exposição "Casa dos Bruxos", que tem como temática a saga de filmes "Harry Potter" e apresenta cenários da produção. 

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A polêmica tomou força quando a ativista Luisa Mell, que ganhou popularidade após resgatar 135 cães de um canil clandestino em setembro do ano passado, fez uma publicação em sua conta do Instagram alegando que as corujas permaneciam por até 12 horas amarradas para que os visitantes tirassem fotos. 

Ativistas pelos direitos de animais acusaram o Shopping Eldorado de crueldade e maus tratos à corujas.
Foto: Reprodução/ Facebook Animal Legal
Ativistas pelos direitos de animais acusaram o Shopping Eldorado de crueldade e maus tratos à corujas.


O início da polêmica

Na publicação, que já ultrapassou 50 mil curtidas e centenas de comentários, a ativista mostra a foto de dois animais da espécie Tyto furcata (ou Coruja-das-Torres) com supostas amarras em suas pernas. Luisa Mell também pede que os usuários entrem em contato com a administração do Shopping e exijam providências.













Muitos internautas reagiram nos comentários expressando indignação: "Que absurdo! Isso me revolta! Por que não amarram no mesmo horário a pessoa que teve essa ideia!", "A carinha das corujas já diz tudo, lastimável essa atitude" e "Cada dia mais indignada com a capacidade de destruição, falta de amor, de crueldade do ser humano" foram algumas das manifestações.

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Posicionamento da empresa responsável

A exposição "Casa dos Bruxos" é organizada por uma empresa que utiliza o espaço do Shopping El Dorado e que por sua vez contratou uma organização tercerizada para levar as corujas. O Canal do Pet procurou Wagner Ávila, diretor técnico da Animal Legal e formado em Zootecnia na Universidade Federal de Viçosa para esclarecimentos. Segundo ele, as corujas não sofreram maltratos.

"As pessoas não entendem que uma coruja não interage como um animal doméstico. Depois de alimentadas elas passam até 20 horas sem se mexer. Essa ausência de interação já é conhecida na falcoaria. [Na exposição] elas já comeram e vão permanecer na mesma posição até comerem de novo!"

Wagner também revelou que as corujas foram adquiridas de um criador legal e treinadas constantemente para tolerarem a presença de humanos. "As pessoas não geram nenhum tipo de estresse ao animal, por que ele já está habituado." A guia, que é amarrada na pata do animal e tem a extensão de até 1 metro e meio, seria para questões de segurança. 

O diretor técnico ainda elega que na exposição são usadas cerca de 6 corujas, sendo que os animais se revezam a cada 3 horas. Os visitantes são proibidos de tocar, fotografar com flash e chamar a atenção das aves. Outras medidas, como o uso de meia luz e um ar-condicionado especial, são tomadas para garantir o bem estar dos animais.

Ações que estão sendo tomadas

Para entender melhor a situação Luisa Mell foi até o shopping Eldorado acompanhada por representantes do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). No local conversou com organizadores do evento que alegaram que as corujas não estavam, foram para uma gravação em emissora televisiva. As informações foram dadas pela ativista em seu Instagram, por meio da ferramenta Stories. Luisa ainda disse: "Ou vai acabar ou a gente vai fazer uma grande manifestação todos os dias aqui na porta".

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Diante dos acontecimentos o Shopping Eldorado publicou uma nota alegando que a presença dos animais foi suspensa até que tudo seja esclarecido. Confira: 

Desfecho       

Após passar a tarde no Shopping El Dorado com a polícia ambiental e o IBAMA, Luisa Mell disse que o evento e Wagner, responsável pelos animais e escutado por esta publicação, foram autuados por exploração comercial de animal silvestre. Além disso, uma investigação será instaurada.