ONGs relatam dificuldades na pandemia com animais devolvidos e dívidas altas

Os protetores lutam para se manterem de portas abertas, mas as dívidas veterinárias e o alto número de animais abandonados tem preocupado as organizações

Foto: Reprodução/Instagram
Filhotes de cachorro resgatados pela AMPARA Animal


O número de  adoção de pets cresce desde o início da pandemia da Covid-19. O isolamento social deu a oportunidade das pessoas descobrirem que a vida é menos solitária  na companhia de um cachorro ou gato . Entretanto, sem feiras de adoção, muitas ONGs (organizações não governamentais) e associações que  resgatam e cuidam de animais até à adoção enfrentam dificuldades financeiras . Ainda que algumas empresas de ração façam doações - e nem todas são contempladas -, muitos animais precisam de medicamentos, tratamentos veterinários, castração, entre outros cuidados.

Ampara Animal realizou uma pesquisa com mais de 530 ONGs e protetores cadastrados ao projeto para observar a situação geral desde o começo da pandemia, especialmente se houve um aumento no número de animais resgatados. O resultado mostra que, conforme foi se intensificando a crise social e econômica, isso acarretou em um maior número de abandonos. 

"Infelizmente quando a corda arrebenta ela sempre estoura no lado mais fraco e os mais vulneráveis são os animais. A gente viu um maior número de abandono de animais adultos, idosos, sem raça definida, que foram abandonados dentro das casas - simplesmente a pessoa ia embora e abandonava os animais dentro da casa", conta Rosangela Gebara, gestora de projetos da Ampara. 

Ela conta que a falta das feiras de adoção foi uma dificuldade especialmente para ONGs e pessoas que não trabalhavam com a internet. Os eventos dão visibilidade ao trabalho realizado e facilitam a adoção. Assim, com um número expressivo de animais resgatados e devolvidos, a demanda de trabalho cresceu porque o isolamento social também afetou o trabalho voluntário (pessoas que vão até às ONGs e instituições ajudar de alguma forma) realizado nestes espaços.

Cancelamento de doações

"A gente também notou que muitos cartões foram cancelados, então as adoções que vinham vinham por cartão de crédito também foram extintas. A gente viu a população ter seus créditos cancelados por conta de não pagamento, pela perda de emprego. Nós temos uma campanha no nosso site: você pode ajudar a partir de R$ 2,99 e, quando a gente tira o relatório, estava doação cancelada", conta Perla Poltronieri, fundadora da Catland .

Devolução de animais

"A gente também perguntou para as ONGs e protetores cadastrados Ampara e alguns relataram aumento de 300% nas doações, outros relataram uma diminuição. A gente chegou em uma média de um aumento de 4%, mas eu posso dizer que varia muito de ONG para ONG, de cidade para cidade", fala Rosângela.

Tanto a Ampara quanto a Catland relatam um aumento de devolução de animais à medida que a vacinação contra a Covid-19 avança. Rosângela diz que muitas pessoas adotaram um pet na intenção de não ficarem sozinhos em casa durante o isolamento social e/ou para fazer companhia para crianças, mas não pensaram em como fazer isso de forma responsável - questionando-se como ia ser com o fim da pandemia.

Gastos hospitalares

"As contas de hospital foram para mais de R$ 150 mil. Enquanto a gente gastava nem R$ 50, R$ 40 mil, mais ou menos, por mês porque esses gatos que chegam precisam de assistência. Fora que a mudança de ambiente para gatos é muito triste: eles estavam acostumados com o ambiente, a mudança baixa a imunidade, então fica gripado ou desenvolvem outros tipos de doenças. Tudo isso gerou mais custos, remédios, internações, cirurgias", conta Perla.

Ela também comenta que todos os protetores de animais e ONGs que seguem são sobreviventes e salienta que já viu o encerramento de muitos projetos por falta de verba, somadas às dívidas acumuladas.

"Se você não puder adotar um animal, não tem condições, enfim, você pode apadrinhar um que está dentro de uma ONG, um abrigo, que está sendo cuidado por uma protetora, está em um lar temporário. Também pode custear as despesas daquele animal, doar rações, medicamentos veterinários para as ONGs, canis municipais, gatil municipal, ajudar na divulgação de animais que estão procurando por famílias, ajudar os animais que estão na rua", orienta Rosângela.

Serviço

Ampara Animal: para doar, clique aqui .

Catland: para doar, clique aqui . Ou transferência para:

Banco Itaú: 341
Agência: 0074
Conta Corrente: 08981-4
CNPJ e chave pix: 20.521.867/0001-08
Razão Social: Catland - Adoção de Gatinhos