Carvão ativado pode fazer a diferença entre vida e morte em casos de intoxicação

O produto absorve e ajuda na eliminação de substâncias químicas do organismo dos animais de estimação, quanto mais rápido for oferecido ao pet, maiores as chances de sobrevivência em casos de envenenamento

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A intoxicação em gatos pode acontecer de diversas maneiras e levar o animal ao óbito

Uma das maiores preocupações para quem tem um animal de estimação é que o pet coma algum produto tóxico ou mesmo que seja envenenado, especialmente no caso dos gatos, que têm o costume de sair para dar uma voltinha e podem se alimentar de algo indevido.

Quando isso acontece e o animal aparece com sintomas de intoxicação, como salivação intensa e sinais de desorientação, o caso se torna uma emergência e nem sempre há um hospital veterinário próximo à casa do tutor, muito menos um que seja 24 horas. Por isso é importante que se tenha sempre disponível em casa o carvão ativado, ou carvão ativo, o que pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte do animal.

E não é preciso que o pet tenha tido acesso, seja como for, a qualquer tipo de veneno ou produto químico tóxico,  mesmo itens comuns da casa, como plantas  ou  alimentos naturais - como frutas -  podem causar intoxicação ao animal. Então é importante sempre saber como agir quando a emergência aparecer e sempre ter o produto em casa, que deve ser dado o quanto antes ao pet, para que tenha maiores chances de sobreviver.

Como é feito o carvão ativado

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Carvão ativo faz a diferencia em casos de emergência

Embora muito semelhante e possa parecer que seja o carvão comum, mas com um “Q” a mais que o faz receber o nome de ativo, o carvão comum das churrasqueiras e o carvão ativo não são o mesmo produto.

Apesar de ambos serem minerais e produzidos pela queima de madeira, o carvão comum é feito basicamente da queima de lenha, enquanto o carvão ativo usa elementos que tenham um alto teor de carbono em sua composição. Como explica a médica veterinária Isabela Ribeiro, da Petvi, as matérias-primas mais comuns na produção do carvão ativado são cascas de coco, fibra de juta, caroço e casca de nozes, caule de algodão, casca de arros, cascas de laranja, borra de café, sementes de melão, madeira de baixa e alta densidade, entre outros.

Geralmente, em um processo conhecido como pirólise, o tratamento térmico desses materiais é feito sob altas temperaturas e com baixas concentrações de oxigênio para que não haja uma combustão completa. “Nesse processo são removidos compostos voláteis resultando numa massa de carbono, onde geralmente estão presentes alguns minerais”, explica a veterinária.

Após esse processo é feito o que é chamado de ativação do material por meio de reações secundárias para aumento da área superficial, podendo a ativação ser física ou química. Como explica Isabela, em processos químicos de ativação do carvão, “a matéria prima é impregnada com uma solução de um agente de desidratação (por exemplo, cloreto de zinco, ácido sulfúrico ou hidróxido de potássio). Em seguida, esses materiais são secos e carbonizados a temperaturas moderadas (400-600 ºC) em atmosfera inerte para produzir o carvão ativado final”.

Por fim, no processo de ativação física, gás nitrogênio ou dióxido de carbono são utilizados para a oxidação da matéria carbonosa em temperaturas que podem chegar até 1000 °C.

Como o carvão ativado funciona

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Mesmo que o pet tenha tomado o carvão ativado, ainda será necessário levar o pet ao médico veterinário

O carvão ativo é altamente poroso, por isso é capaz de absorver as substâncias químicas que foram ingeridas, algo semelhante a uma esponja. Como isso acontece, ao invés de irem para o organismo, as substâncias são naturalmente eliminadas pelas fezes do animal.

O produto possui uma grande área superficial interna, o que permite a absorver substancias na fase líquida ou gasosa, mas o carvão não absorverá a água do organismo do animal.

Como se trata de um produto natural, o carvão ativo não apresenta contra indicações, mas deve ser usado na quantidade certa e em momentos adequados. “Pode haver diarreia devido à eliminação das toxinas, e as fezes se apresentarem mais escuras que o normal, devido à coloração do carvão ativado”, esclarece a profissional.

O carvão ativado usado para pets é igual ao utilizado para o consumo humano, mas em concentrações e doses diferentes. O ideal é sempre oferecer ao animal o produto formulado especificamente para pets.

Até quando ajuda

Os quadros de intoxicação e envenenamento são considerados emergenciais, portanto, quanto mais rápida for a ação, mais satisfatórios serão os resultados.

Um estudo de 1970, feito por farmacologistas da Universidade do Arizona, nos EUA, mostrou que dar carvão ativado para cães em até 30 minutos após eles terem ingerido químicos nocivos aumenta drasticamente as chances de sobrevivência.

“Exames de sangue de animais que usaram o produto 1 minuto após a emergência mostraram concentrações muito menores de químicos, comprovando que o carvão ativado removeu parte dos produtos ingeridos”, diz a veterinária, ressaltando que o quanto antes o tutor der o carvão ativado ao animal, maiores as chances.

O que fazer em caso de emergência

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Caso não saiba o que foi ingerido pelo animal, amostras de vômito pode ajudar na identificação pelo veterinário

A veterinária indica que, caso o pet mostre sinais de ingestão de substâncias impróprias ou micotoxinas como: salivação intensa, desorientação, vômito, diarreia e até mesmo dificuldades de locomoção, deve-se oferecer o carvão ativado adequado e na dosagem correta rapidamente, pois ele precisa remover os químicos do sistema digestivo antes o organismo do animal as absorva.

O carvão funciona para cães e gatos da mesma forma, lembrando que não é recomendado provocar o vômito em casa. Mesmo oferecendo o carvão ativado ao pet, ainda é indispensável que o tutor leve o animal até uma clínica veterinária o mais rápido possível, se possível com uma amostra do produto que o pet tenha ingerido (podendo ser amostras do vômito), para que o veterinário possa indicar o melhor tratamento para o animal.

“O ideal é fornecer o carvão ativado ao animal na dosagem correta e levar o pet ao veterinário para maiores intervenções. Só o profissional poderá tomar a decisão correta, por exemplo, proceder com a fluidoterapia (administração de soro), lavagem gástrica ou utilizar medicações injetáveis”, completa.