A história de empreendedorismo da analista de importação e exportação, Tamara Antonioli, 33, começa com a sua própria decepção em todo projeto de mudança de país. A imigração , do Brasil para Portugal , há aproximadamente 1 ano, foi mais tumultuada do que se poderia imaginar.

Ao começar pelas burocracias que envolviam a ida da sua cadelinha Jolie, hoje, com 1 ano e seis meses. O marido de Tamara, Leonardo Ramos, recebeu uma proposta de trabalho em Portugal, e, na bagagem, claro, o casal precisaria embarcar mais um membro da família: a filha de 4 patas. Foi aí que surgiu a ideia de fundar uma empresa focada na assessoria de viagens de cães e gatos para a União Europeia .

Tamara percebeu que as dificuldades que teve ao tentar viajar com a poodle Jolie eram as mesmas de tantas outras pessoas que decidem sair do país de origem: as centenas de burocracias. "Ao me mudar do Brasil para Portugal, não consegui trazer minha cachorra Jolie comigo, como o planejado. A separação foi extremamente difícil. Só três meses depois, consegui trazê-la para cá. Todo o processo foi tão desafiador, que percebi que muitos outros tutores também passavam por isso. Foi então que decidi transformar essa vivência em um propósito. Assim nasceu a EuroPatinhas, uma empresa focada em assessoria para a viagem de cães e gatos. Nossa missão é garantir que cada pet viaje com segurança, conforto e dentro de todas as exigências internacionais"
Casos como o de Tamara ocorrem porque a União Europeia exige uma série de requisitos sanitários obrigatórios para que animais que saem do Brasil, por exemplo, cumpram para entrar no país destino. Entre eles, estão: carteira de vacinação com vacina da raiva válida , microchip de identificação (antes da vacina da raiva), teste de sorologia da raiva com laboratório exclusivo cadastrado na União Europeia, uma "quarentena" de 3 meses, além de um certificado emitido pela Vigiagro, do Ministério da Agricultura do Governo Federal, que atesta que o animal está apto e sadio para viajar.
Muitos viajantes são pegos de surpresa, inclusive com mudanças nas datas de viagens, ao descobrir, em cima da hora, que o pet não cumpre os requisitos básicos acima citados. É o caso do médico Marco Pandini, que se mudou com a família para a Itália, há 1 mês, e precisou alterar toda a programação. Em cima da hora, depois de um erro de cálculo, descobriu que a cadelinha Cacau precisava ficar 3 meses de "quarentena" no Brasil, antes do embarque. "A Cacau está vindo agora, 1 mês depois de nós. Não conseguimos cumprir o tempo de coleta da sorologia da raiva, exigido para o embarque internacional. Ela virá com a minha mãe. Virou uma jornada isso tudo, acredito que, agora, com final feliz."
Casos que envolvem muitos documentos, burocracias e dor de cabeça ao organizar a viagem internacional dos sonhos, como o da Tamara e do Marco, são mais comuns do que se imagina. “Muita gente confunde a "quarentena", achando que são 40 dias para aguardar as respostas sobre a sorologia da raiva. Quando na verdade, a exigência com todo o processo - desde a coleta do sangue até a retirada do documento internacional para apresentar durante o embarque e imigração do animal de estimação - pode durar mais de 5 meses”, explica a veterinária Glauce Medeiros.
Considerando que a quarentena é justamente o processo mais burocrático e que confunde os tutores na hora de organizar a viagem internacional, o Canal do Pet preparou um manual com dicas a seguir:
Quais são os trâmites?
O processo para levar um pet do Brasil para a Europa envolve várias etapas obrigatórias que precisam ser seguidas para garantir que tudo esteja dentro das exigências sanitárias. Nós dividimos os trâmites em algumas etapas:
Planejamento:
1. Conhecer os requisitos e planejar cada etapa e procedimento.
Protocolo Veterinário:
1. Aplicação do microchip no padrão ISO 11784 e ISO 11785 com tecnologia HDX ou FDH-B - Primeiro procedimento a ser realizado.
2. Vacina Antirrábica - Deve ser administrada após a colocação do microchip.Se ele já tiver sido vacinado antes da microchipagem, a vacina precisará ser refeita.
3. Sorologia de Raiva - 30 dias após a data de vacinação.
4. Resultado da sorologia.
5. Quarentena de 90 dias para o embarque - Esse período é contado a partir da data da coleta do sangue.
Documentação:
1. Preparação dos documentos.
2. Atestado de saúde e revisão veterinária.
3. Certificado Veterinário Internacional (CVI) – É necessário emitir o CVI junto ao Ministério da Agricultura (MAPA).
4. Esse documento certifica que o pet atende a todos os requisitos exigidos pelo país de destino.
5. Aviso de chegada e chancela física para países que exigem.
Pré-embarque:
1. Atualizar dados do Microchip.
2. Preparação do PET e da Bolsa de viagem.
3. Revisar e organizar a pasta dos documentos originais.
Pós-chegada:
1. Regularização do PET e emissão do passaporte Europeu.
Lista de tarefas:
Estas podem ser realizadas a qualquer momento do processo:
1. Escolher a companhia aérea e comprar a passagem.
2. Bolsa de transporte.
3. Adaptação do Pet a bolsa de transporte.
4. Castrar ou não seu Pet - Fêmeas no cio ou gestantes não podem embarcar.
Então, antes de comprar os bilhetes aéreos, o primeiro passo é definir a data de viagem e entender quais são as exigências do país de destino. Além, claro, planejar a viagem com as datas e prazos, somente após tudo isso, iniciar o protocolo veterinário com a aplicação do Microchip e o processo de vacinação com a sorologia da raiva. Todos esses passos de organização pedem um planejamento de pelo menos 5 meses de antecedência. Assim, é garantido que todos os procedimentos sejam feitos corretamente e dentro dos prazos determinados pelas autoridades internacionais. Lembrando que o planejamento é crucial para evitar problemas de última hora, como a necessidade de refazer vacinas ou ajustar datas. Portanto, quanto mais cedo começar o processo, mais tranquilo ele será.
Porque a União Europeia é tão burocrática com animais de estimação e a raiva ?
A União Europeia é rigorosa com os animais de estimação e a raiva porque a doença ainda representa um risco significativo para a saúde pública. A raiva é fatal tanto para animais quanto para seres humanos, e sua prevenção é essencial para manter a segurança sanitária em todo o continente. A UE implementa essas regras rigorosas para evitar a entrada de animais com a doença, garantindo que os pets provenientes de países fora da União Europeia passem por exames e vacinas que comprovem que estão livres da raiva. Além disso, o bloco adota essas medidas para proteger não apenas a saúde pública, mas também a biodiversidade local, já que a raiva pode afetar diversas espécies animais. Essas exigências, embora pareçam burocráticas, são uma forma de garantir a segurança dos animais e das pessoas, mantendo o controle sobre possíveis surtos e protegendo a saúde coletiva.
Quanto custa:
Os valores mudam bastante de uma assessoria para outra. No caso da EuroPatinhas, hoje o valor é de 2 mil reais.
E como funciona a entrada de animais para países como Estados Unidos?
Segue uma validação - parecida com o da União Europeia. A diferença é a “não exigência” de uma quarentena de 3 meses. Deve ter microchip e o médico veterinário deve fazer a leitura para confirmar a identidade do animal. O implante deve ocorrer na data da vacina contra raiva ou antes. As vacinas somente passam a valer no dia da identificação por microchip. Se for a primeira dose, a viagem só pode ocorrer após 30 dias da dose da vacina. Para emissão do CVI, além de toda documentação regular, o médico veterinário solicitante terá de assinar e anexar no processo uma versão em português baixada na própria solicitação.
Por fim, para comprovar que não tem miíase, isto é, larvas de mosca, os EUA exigem um exame clínico do animal 5 dias anteriores ao embarque. O animal deve desembarcar em um dos aeroportos aprovados pelo CDC, onde seus documentos serão verificados. Além disso, o pet passará por inspeção sanitária.
** Patrícia Calderón é jornalista, kitesurfista, casada e mãe de 2. Paulista, ja passou pelos maiores veículos de comunicação do país como repórter. Em rádio e TV atuou como repórter e apresentadora. No iG, atua como sub editora de notícias, cobrindo assuntos de diferentes editorias.