Festas de fim de ano exigem cuidados redobrados com pets

Fogos, alimentação inadequada, excesso de visitas e mudanças na rotina aumentam riscos de estresse, fuga e intoxicação

Fim do ano concentra um crescimento significativo nos atendimentos clínicos relacionados à ingestão de alimentos inadequados e a lesões traumáticas
Foto: Foto: Pedro H. Lopes
Fim do ano concentra um crescimento significativo nos atendimentos clínicos relacionados à ingestão de alimentos inadequados e a lesões traumáticas

Com a chegada das festas de fim de ano, cães e gatos entram em um período de maior vulnerabilidade . Barulho de fogos de artifício, música alta, visitas frequentes, portas abertas e acesso facilitado a alimentos típicos das ceias criam um cenário propício para acidentes, estresse intenso e problemas de saúde. Especialistas alertam que, sem planejamento e cuidados simples, esse período pode resultar em fugas, intoxicações e aumento nos atendimentos veterinários.

Segundo o coordenador do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Unimetrocamp Wyden, Thiago Fernandes, o fim do ano concentra um crescimento significativo nos atendimentos clínicos relacionados à ingestão de alimentos inadequados e a lesões traumáticas.

“É uma época em que aumentam os casos de intoxicação alimentar e também de atropelamentos, geralmente associados a fugas provocadas por medo ou estresse intenso”, explica.

Embora muitos municípios tenham avançado em legislações que restringem o uso de fogos com estampido, o problema ainda persiste. Para os pets, especialmente cães e gatos, o impacto do barulho é muito maior do que para humanos, devido à audição extremamente sensível.

Barulho e ansiedade estão entre os principais gatilhos

O som alto e repentino dos fogos de artifício é apontado como um dos maiores fatores de ansiedade animal.

Em situações de pânico, alguns pets tentam se esconder em locais perigosos, enquanto outros podem tentar fugir ou apresentar comportamento agressivo como mecanismo de defesa.

“Preparar um ambiente seguro, com portas e janelas fechadas, iluminação mais suave e objetos familiares ajuda bastante. Sons contínuos, como ventiladores ou música ambiente, funcionam como uma barreira sonora”, orienta Thiago Fernandes.

Segundo ele, cada animal reage de forma diferente: alguns ficam paralisados, outros atentos e há aqueles que demonstram reações mais intensas.

Outro ponto de atenção são as visitas. Ambientes cheios, movimentação constante e tentativas de interação forçada aumentam o estresse, principalmente em animais mais sensíveis.

“Abraços, aproximações repentinas e movimentos bruscos podem ser interpretados como ameaça. Criar regras simples para os convidados e garantir um espaço exclusivo para o pet descansar é fundamental”, afirma o veterinário.

Ceias escondem riscos graves à saúde dos animais

A alimentação é um dos fatores que mais levam pets ao atendimento emergencial durante as festas. Alimentos comuns nas ceias, como chocolate, cebola, uva-passa, temperos, bebidas e alimentos gordurosos, são altamente prejudiciais à saúde dos animais.

“Não existe quantidade segura de chocolate para cães e gatos. Um pequeno pedaço pode causar desde indisposição leve até quadros graves que exigem internação”, alerta Thiago.

Para evitar riscos, a recomendação é manter os pets afastados da mesa, orientar os convidados a não oferecerem comida e disponibilizar petiscos próprios para os animais. “A carinha é irresistível, eu sei, mas resistir é um ato de cuidado”, completa.


As fugas também se tornam mais frequentes neste período. O entra e sai constante de pessoas facilita que o animal saia sem ser percebido.

Reforçar travas, verificar telas e manter os pets identificados com plaquinha ou microchip são medidas essenciais. “Mesmo com todos os cuidados, imprevistos acontecem. A identificação agiliza o retorno para casa”, ressalta o especialista.

Manter a rotina é outro fator importante para reduzir a ansiedade. Horários regulares de alimentação, passeios e descanso ajudam o animal a se sentir mais seguro.

Uma dica é gastar mais energia do pet nos dias que antecedem as comemorações, com passeios mais longos e brincadeiras extras.

Com organização e atenção, as festas de fim de ano podem ser tranquilas para toda a família. “Os pets dependem inteiramente dos tutores para atravessar esse período com segurança. Medidas simples fazem toda a diferença para evitar sofrimento e garantir bem-estar”, conclui Thiago Fernandes.