
O pitbull segue sendo uma das raças mais incompreendidas. Por trás da fama de bravo, há um cão que, quando criado com o cuidado certo, costuma ser brincalhão, companheiro e extremamente apegado à família.
Quando se fala em pitbull, muita gente ainda pensa primeiro em agressividade, ataques e perigo. Mas, para quem convive com esses cães no dia a dia, a realidade pode ser diferente.
O veterinário e adestrador comportamental Pablo Medeiros explica que, no geral, o pitbull está bem longe do estereótipo de agressividade .
“Eles são muito companheiros e muito carinhosos”, afirma. Segundo ele, essa necessidade de proximidade faz parte do comportamento natural da raça.
“O apego ao tutor é comum. Cães vivem em matilha e o pitbull cria vínculos muito fortes”.
Um comportamento que ajuda a mostrar isso é o do pitbull Sebastian, que apareceu em um vídeo indo “buscar” a tutora para dormir. Ele só se ajeita na cama depois que ela se deita .
Para o veterinário, esse tipo de cena não é exceção: “Isso mostra o quanto eles gostam dessa conexão”.
Um vídeo cheio de amor mostra a rotina noturna de Sebastian, um pitbull que simplesmente não consegue dormir longe da tutora. Nas imagens, ela aparece na cozinha quando o cão surge, parado ao lado da geladeira, como quem diz: "Tá na hora, né?". pic.twitter.com/ZUjBAtYyBr
— iG (@iG) November 13, 2025
O especialista lembra que a raça surgiu no século XIX, no Reino Unido, criada para esportes de confronto com outros animais.
“A seleção genética buscava agressividade contra outros animais, não contra humanos”, explica. Apesar disso, ele lembra que há variações individuais de temperamento.
“Tem cães mais dominantes e outros mais tranquilos, como em qualquer raça”, aponta.
Mesmo assim, ele acredita que muita coisa que circula sobre o pitbull é exagerada. “A mídia banaliza demais a raça”, critica.
Ambiente tranquilo
Quando cresce em um ambiente equilibrado, o pitbull tende a ser brincalhão, leal e extremamente apegado.
“Eles são protetores quando é necessário, mas também gostam de brincar e estar perto da família” , diz.
O veterinário destaca que sinais simples ajudam a identificar um animal emocionalmente estável: “Tranquilidade e paciência. Quando o cão está sempre muito ansioso, os problemas aparecem.''
Para o adestrador, comportamento não é só resultado da genética, é manejo diário. “Eles precisam de rotina. Exercícios, passeios, enriquecimento ambiental e adestramento fazem diferença”, afirma.

Com filhotes, isso começa cedo: vacinação em dia, contato com diferentes espécies e ambientes, correções feitas do jeito certo e, acima de tudo, sem agressão. “Socializar o quanto antes é essencial” , orienta.
Humanização
Um dos maiores erros cometidos pelos tutores hoje é tratar o cão como um bebê. “Isso estimula comportamentos ruins. Cães têm hierarquia e, quando o tutor não estabelece limites, o cão assume esse papel”, explica.
Ele reforça que muitos problemas de comportamento aparecem justamente quando o animal percebe que “comanda a casa”. “Se nunca obedece, provavelmente acredita que é o líder” , completa.
É possível melhorar comportamentos mesmo em cães adultos. “Traumas e personalidade influenciam. Ainda assim, o adestramento ajuda a amenizar bastante” , afirma.
Pitbull e crianças
A convivência com crianças, segundo o veterinário, passa pelo básico: educação para todos. Ele explica que isso inclui treinar os cães, orientar as pessoas da casa, manter uma rotina com exercícios e, quando possível, optar por animais de linhagem mais calma.
Apesar da fama, Pablo Medeiros conta que os cães que mais dão trabalho de agressividade na clínica não são pitbulls.
“As raças pequenas são muito mais agressivas. E muitos tutores acham bonitinho quando o cãozinho rosna ou late para os outros”, diz.
Ele explica que esse excesso de liberdade reforça o comportamento errado. O comportamento do pitbull depende de como ele é criado, não do rótulo que recebe.