Ter uma ave como animal de estimação vai muito além da beleza e da companhia que esses pets oferecem.
Coloridas, inteligentes e carismáticas, elas podem se tornar parte da família por muitos anos, às vezes, até por décadas. Mas esse vínculo exige responsabilidade e cuidados específicos para assegurar saúde, bem-estar e qualidade de vida.
Segundo o veterinário André Schlemper, conhecer as necessidades básicas é o primeiro passo antes de adotar ou adquirir uma ave.
“É importante lembrar que muitas espécies vivem por décadas. Uma calopsita, por exemplo, pode chegar a 20 anos, enquanto alguns papagaios passam facilmente dos 80. Portanto, ao adotar uma ave, é preciso ter consciência de que se trata de um compromisso de longo prazo”, afirma.
Quais aves podem ser criadas no Brasil?
No país, diversas espécies podem ser legalmente criadas como pets. Canários, periquitos, calopsitas, pombos, marrecos, galinhas e pavões estão entre as mais comuns.
Já animais como papagaios e araras só podem ser adquiridos em criadouros autorizados. Nesse ponto, o especialista é enfático:
“É fundamental verificar a procedência da ave, garantindo que ela venha de origem legal e evitando o tráfico de animais”.
O bem-estar das aves vai muito além de mantê-las em uma gaiola. Espaço adequado, alimentação balanceada e estímulos diários fazem toda a diferença na vida desses pets.
A falta desses cuidados pode levar a problemas emocionais e de saúde, além de comportamentos compulsivos.
“Deixar a ave solta em momentos supervisionados é uma ótima alternativa, especialmente para psitacídeos como calopsitas e papagaios. Isso estimula a socialização e reduz problemas emocionais, mas precisa ser feito com segurança, sem risco de contato com fios, tintas ou objetos tóxicos”, orienta.
Alimentação
Um dos erros mais frequentes entre tutores é oferecer apenas sementes, como girassol ou alpiste. Embora sejam apreciadas pelas aves, o consumo exclusivo pode ser prejudicial.
“Sementes em excesso podem causar obesidade, problemas no fígado e carência de vitaminas e minerais. O ideal é investir em rações específicas para aves, complementadas por pequenas porções de frutas, verduras e legumes”, explica o veterinário.
E as aves também dão sinais quando algo não vai bem. Mudanças de apetite, silêncio incomum, penas eriçadas ou alterações nas fezes são indícios de que o tutor deve procurar ajuda profissional. Além disso, o estresse pode se manifestar em atitudes como agressividade ou o hábito de arrancar as próprias penas.
“Recomendo que, assim que o tutor adote uma ave, faça uma consulta de orientação. Depois, o ideal é manter um check-up a cada seis meses, com exames simples de sangue e fezes. Isso garante que a ave tenha uma vida longa, saudável e feliz”, reforça André.
Conviver com esses animais é um privilégio, mas também um compromisso de longo prazo. Cuidar da alimentação, garantir espaço adequado, supervisionar momentos de liberdade e manter acompanhamento veterinário são gestos de carinho que asseguram uma vida plena a esses pets especiais.