
Apesar do medo que muita gente sente ao ver uma aranha, a verdade é que a imensa maioria delas não representa perigo algum .
“Cerca de 95% das aranhas são inofensivas”, afirma o Dr. Antônio Brescovit, diretor do Laboratório de Coleções Zoológicas (LCZ) do Instituto Butantan ao iG .
Se você, mesmo assim, prefere não ''se arriscar'', digamos, aqui vão dicas para saber identificar as venenosas e as que só assustam na aparência.
Veja ao final da reportagem o link para uma lista de hospitais de referência em atendimento contra acidentes com aranhas.
Peçonhenta ou venenosa? Entenda a diferença
Segundo Brescovit, a primeira confusão que precisa ser desfeita é a diferença entre os termos ''peçonhento'' e ''venenoso''.
“O animal peçonhento injeta o veneno por meio de estruturas especializadas, como as quelíceras das aranhas, que funcionam como presas” , explica.

Já o animal venenoso libera a toxina de outras formas, como por ingestão ou contato direto.
Quais aranhas preocupam no Brasil?
O Brasil abriga uma enorme diversidade de aranhas, mas apenas três grupos são considerados perigosos para os seres humanos:
Entao, para identificar e saber se pode ou não ter o bichinho ao seu lado sem perigo, atente-se para a as caracteristicas abaixo:
- Armadeiras (gênero Phoneutria) – conhecidas pelo tamanho avantajado e veneno neurotóxico, estão entre as mais temidas e causam muitos acidentes nas regiões Sul e Sudeste;
- Aranhas-marrom (gênero Loxosceles) – pequenas e discretas, possuem veneno de ação necrótica, capaz de causar lesões graves na pele;
- Viúvas-negras (gênero Latrodectus) – também de pequeno porte, têm veneno neurotóxico potente e podem ser encontradas em diversas regiões do país.
Dentro desses grupos, algumas espécies se destacam por estarem mais envolvidas em acidentes: Phoneutria nigriventer e Phoneutria keyserlingi (armadeiras), Loxosceles gaucho e Loxosceles laeta (aranhas-marrom), além da Latrodectus geometricus (viúva-negra).
Prevenção é o melhor remédio
A maioria dos acidentes ocorre dentro de casa ou em ambientes urbanos. Por isso, a orientação do Instituto Butantan é simples: manter os espaços limpos e bem vedados.
“Examinar cantos de armários, atrás de quadros, dentro de sapatos e roupas antes de usá-las são medidas essenciais” , orienta Brescovit.
Ele também recomenda instalar telas nas janelas e evitar acúmulo de entulhos e objetos parados, onde as aranhas podem se esconder.
Acidente? Procure ajuda médica imediatamente
Em caso de picada, a prioridade é buscar atendimento médico o quanto antes.
“Nada de usar pomadas caseiras ou receitas da internet. O ideal é procurar um hospital e, se possível, levar o animal para identificação” , alerta o especialista.
No Instituto Butantan, aranhas levadas por moradores são identificadas e, quando viáveis, têm seu veneno extraído para a produção de soros antiveneno.
Mitos e verdades
Muitos boatos sobre aranhas circulam, mas a ciência deixa claro: apenas algumas espécies representam risco real e, quando tratados rapidamente, os casos graves têm alta chance de recuperação.
“Confie na medicina e não em histórias populares” , conclui Brescovit.
Hospitais de referência
Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes com aranhas têm maior frequência entre os meses de outubro e março, a depender da espécie. O sul do país registra o maior número de notificações, seguido pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pernambuco.
Se o acidente acontecer, os especialistas orientam procurar atendimento imediatamente.
O Ministério da Saúde tem no site oficial uma lista dos locais que oferecem o serviço emergencial. Clique aqui para acessar.
Apesar de disponibilizar a lista, o governo alerta que nem todos os hospitais possuem o soro para tratar acidentes com aranhas.
''As Secretarias de Saúde dos estados são responsáveis por avaliar e indicar os hospitais mais adequados para administrar os soros para animais peçonhentos. É importante que as pessoas saibam o hospital mais próximo da sua casa onde possua estes soros''.
Sobre o tratamento caseiro, o Ministerio da Saúde ressalta:
''Não há evidência científica que ateste a eficácia de produtos caseiros como ervas medicinais, borra de café, “garrafada”, ou mesmo querosene, gasolina e outras substâncias, para o tratamento dos efeitos de acidentes por aranhas''.