
Algumas substâncias são muito comuns para o uso em humanos, mas verdeiros venenos quando o assunto são os pets. Um dos mais emblemáticos é o chocolate. Entretanto, há outras substâncias letais para os animais também.
Quando um tutor leva seu pet no veterinário, é comum que sejam passados remédios já conhecidos, uma vez que são utilizados também por humanos. Mas alguns, os tutores devem ter um cuidado maior e não deixar perto dos seus pequenos, como o Minoxidil. Embora seja amplamente conhecido por seus benefícios no tratamento da calvície em humanos, o medicamento representa um risco letal para cães e gatos.
Altamente tóxico para os pets — especialmente para os felinos, que têm maior sensibilidade ao princípio ativo —, o produto pode desencadear desde reações leves, como queda de pelos e irritação cutânea, até sintomas graves, como vômitos, dificuldade respiratória e edema pulmonar, que podem levar ao óbito. A médica-veterinária da BRF Pet, Mayara Andrade, explica os perigos do Minoxidil.
1 - Quais são os principais sintomas de intoxicação por Minoxidil em cães e gatos?
Entre as possíveis reações adversas nos animais, podemos citar a irritação cutânea: se aplicado na pele, pode causar vermelhidão, coceira e descamação; a toxicidade sistêmica: se ingerido ou absorvido pela pele ou mucosas, pode levar a efeitos sistêmicos como hipotensão, taquicardia, letargia, vômito e dificuldade respiratória podendo estar associada ao edema pulmonar, quadro que pode ser fatal; e, em casos mais leves, pode haver queda de pelos: no caso de contato com a pele, alguns animais podem apresentar perda de pelos no local.
2 - Após a exposição ao Minoxidil, qual é o tempo médio para o surgimento dos primeiros sintomas?
Por ser tratar de um medicamento com potencial de intoxicação, é essencial que logo após o contato o tutor busque por ajuda veterinária, mesmo sem apresentação de sintomas. No caso do animal que apresenta sintomas, é fundamental procurar imediatamente ajuda especializada, uma vez que o rápido tratamento pode ser crucial para evitar complicações.
3 - O que um tutor deve fazer imediatamente caso suspeite que seu pet teve contato com o Minoxidil?
Independentemente da quantidade ingerida, o tutor deve procurar ajuda do médico-veterinário que acompanha o pet ou um serviço de atendimento de emergência para tratamento de suporte adequado. Entre as medidas de tratamento de suporte temos fluidoterapia de reposição, oxigenioterapia e administração de drogas vasopressoras para a estabilização da pressão arterial sistêmica. Por vezes, o suporte necessário pode ser mais intensivo, sendo necessário a internação, podendo ou não ser necessário um apoio mais específico de suporte avançado à vida.
4 - O contato indireto, como lamber a pele do tutor que usou Minoxidil, pode ser tão perigoso quanto a ingestão direta?
Sim, alguns estudos citam que pequenas doses de Minoxidil já podem causar sinais de intoxicação, desde sintomas mais leves até óbito. Quando pensamos em cães, a maior causa de intoxicação é o descarte e armazenamento incorreto das embalagens, o que permite que o animal, ao mexer no local, tenha a ingestão do medicamento. Já em gatos é mais comum o contato com o produto ocorrer por lambedura no local aplicado.
5 - Por que os gatos são mais suscetíveis a intoxicações do que os cães?
Gatos são extremamente sensíveis ao Minoxidil e podem apresentar intoxicação fatal, mesmo com pequenas quantidades ou exposições, devido a sua ação vasodilatadora intensa, que leva a um quadro de hipotensão severa com taquicardia e edema pulmonar, causando complicações cardiorespiratórias que podem evoluir para um quadro de parada cardiorespiratória e consequentemente, óbito.
6 - Existem outras substâncias de uso humano comuns que representam um risco semelhante para cães e gatos? Quais medicamentos os tutores devem ficar mais atentos para evitar a exposição aos animais?
Sim, existem muitos medicamentos comuns amplamente utilizados na medicina humana que podem causar intoxicações ou reações adversas de diversos graus e complicações nos pets. Um exemplo disso é o paracetamol, que é muito utilizado pela sua ação antipirética, mas é potencialmente tóxico aos gatos, já que eles não conseguem biotransformar esse princípio ativo. Então, é um medicamento que não deve ser administrado a eles, mesmo em doses consideradas seguras para outras espécies.
Podemos citar também o ácido acetil salicílico, popularmente conhecido como AAS, um medicamento com ação analgésica, antipirética e antinflamatória que pode ser tóxico para gatos, já que eles não apresentam uma enzima hepática que tem a capacidade de metabolizar esse princípio ativo.
Outros medicamentos como antiinflamatórios não esteroidais bastante populares, como ibuprofeno, diclofenaco sódico ou potássico, também devem ser evitados, uma vez que sua metabolização é difícil e pode causar intoxicações e graves transtornos gastrointestinais como úlceras gástricas graves, entre outros. Por isso, o ideal é não medicar seu pet por conta própria. Busque sempre a orientação do médico-veterinário da sua confiança para evitar o risco de problemas de saúde no seu pet.