Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
Foto: Cristine Prates
Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)

Um grupo de 41 ararinhas-azuis ( Cyanopsitta spixii ) desembarcou no Aeroporto de Petrolina, no Pernambuco, vindo de Berlim, na Alemanha, para quarentena e avaliação de saúde. A inspeção contou com cerca de 10 auditores fiscais federais agropecuários e teve como objetivo garantir a segurança sanitária das aves antes da reintrodução na fauna brasileira.

O processo faz parte do Plano de Conservação da ararinha-azul, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBio) e realizado em parceria com a Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), organização alemã que trabalha na reprodução da espécie. A ação envolveu diversos órgãos federais e estaduais.

A chegada das aves foi planejada com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária(Mapa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(Ibama), Instituto Federal do Sertão Pernambucano(IF Sertão) e Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco(Adagro). Também participaram a Polícia Rodoviária Federal(PRF), a Polícia Federal(PF), a Receita Federal Brasileira(RFB) e a CCR-Aeroportos.

Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
Foto: SAVE Brasil
Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)

A fiscalização sanitária teve início em outubro do ano passado, quando foi feito um requerimento ao Serviço de Inspeção e Saúde Animal (Sisa-PE). O documento detalhou os requisitos sanitários para a viagem e as exigências para evitar a entrada de pragas e doenças exóticas no Brasil.

“Solicitamos informações sobre o local de quarentena dessas aves, já que ele também tem de ser inspecionado pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO)”, explicou a auditora fiscal Marta Pedrosa Maior. A análise foi realizada pela Adagro em Petrolina.

O voo foi um dos pontos de atenção, pois saiu da Alemanha, país com restrições sanitárias relacionadas à Febre Aftosa e à Peste Suína Africana. Representantes do Sisa, do Serviço de Vigilância Agropecuária Internacional(Vigiagro) e da Coordenação Geral de Trânsito, Quarentena e Certificação Animal(CQTQA) realizaram reuniões para avaliar os riscos.

Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
Foto: Leonardo Milano
Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)

A inspeção também incluiu os 11 passageiros e tripulantes da aeronave, além da destruição de resíduos do serviço de bordo para evitar a entrada de agentes patogênicos. As aves permanecerão de 21 a 28 dias em quarentena, passando por exames para detecção de doenças como Influenza Aviária (IA) e Doença de Newcastle (DNC).

“Confirmando que elas estejam livres de patógenos, as aves serão autorizadas a entrar definitivamente em território nacional e transportadas para o Refúgio de Vida Silvestre da ararinha-azul, em Curaçá, na Bahia”, informou o auditor fiscal Washington Luiz Júnior, do Vigiagro do Vale do São Francisco.

O trabalho de reintrodução é coordenado pela BlueSky Caatinga, organização privada que atua no reflorestamento e geração de renda sustentável por meio de crédito de carbono. Segundo Ugo Vercillo, diretor da BlueSky, a espécie é ameaçada pelo tráfico de animais e teve o último indivíduo selvagem avistado em 2000.

Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)
Foto: Rodrigo Agostinho/Presidente do Ibama
Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii)

A ACTP já enviou 52 aves em 2020, das quais 20 foram soltas na natureza e o restante permaneceu em cativeiro para reprodução. Até agora, nasceram 11 filhotes em cativeiro e sete em vida livre. Todos os animais reintroduzidos são monitorados diariamente com rastreamento via rádio.

O novo grupo de ararinhas passará por avaliações antes da soltura, prevista para junho. "Com essa chegada, esperamos resolver o retardo na reintrodução em 2023 e 2024. Agora, é fazer uma boa preparação e aguardar a resposta da natureza", concluiu Vercillo.

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