Gato dos pampas é filmado; conheça o animal que está desaparecendo

Pesquisadores estimam que há menos de 50 da espécie no mundo

Gato dos pampas
Foto: Foto: Luíza de Simoni
Gato dos pampas

O gato-palheiro-do-pampa se confunde na natureza facilmente devido à sua cor parda. Mas não é a cor que faz o animal quase desaparecer. O sumiço é real. Não há mais do que entre 50 a 100 dele no mundo.

Os registros todos são no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Os menos de 100 existentes hoje estão por essas três regiões. Os cientistas, ao mesmo tempo em que tentam preservá-lo, batalham para conseguir avistá-lo. Não apenas porque ele se camufla bem, mas, justamente, por estar quase extinto.

O gato dos pampas, como também é chamado, é cada vez mais raro devido à perda de habitat, a incêndios, matança, atropelamentos, predação por cachorros e caça por retaliação (quando um fazendeiro, por exemplo, matam animais que tenham causado algum dano à sua criação).

1 /2 Gato dos pampas Foto: Felipe Peters
2 /2 Gato dos pampas Foto: Flávia Tirelli

Como identificar?

A pelagem alongada e áspera do felino pampeiro fica entre amarelo e cinza, com listras pretas horizontais bem marcadas nas patas, e que são sua principal característica de diferenciação para outros gatos.

O pampeiro se alimenta de pequenos roedores e possui hábitos noturno e diurno. O peso pode chegar a quatro quilos, segundo a divulgação feita na época pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

Ana Rovedder, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas, da Universidade Federal de Santa Maria, explicou para uma publicação da Unisinos que o monitoramento do animal é um desafio. “Ele é um gato errante, um gato fantasma, ele não forma famílias e anda o tempo inteiro. E ele precisa do campo, não é um gato de floresta”.

Na mesma publicação, o zoólogo Fábio Mazim, lembrou que a espécie prefere campos que não sejam rasteiros mas que também não tenham muitos arbustos. E que lugares assim são cada vez mais raros. “Hoje restam só em torno de três milhões de hectares desse campo, sendo que ele sofre muito impacto”, disse na época.

Com isso, segundo ele, os gatos pampeiros têm buscado outros lugares para viver, e passam a correr risco de atropelamentos. “Setenta por cento dos registros que nós temos é por atropelamento porque eles estão se restringindo a viver nas laterais da pista, que é o único lugar que não está impactado pela agricultura" .
O especialista diz que em mais de 100 anos, foram feitos pouco mais de 200 avistamento do raro felino, o que não dá nem 2 a cada ano.

Essa semana, ele publicou em sua rede social um flagrante da rara espécie e escreveu: "Pela primeira vez é registrado por armadilha fotográfica um filhote de gato-palheiro-pampeano (Leopardus munoai). É filho (a) da nossa Pachamama, capturada em junho de 2024. Dia histórico para a Ciência, para o Pampa, para nossa equipe e sobretudo para o gato-palheiro-pampenano".

Outro avistamentos noticiado foi em 2023, em uma área de preservação ambiental de Santana do Livramento (RS). O gato pampeiro atravessava uma estrada quando foi fotografado. O pampa, habitat do animal, foi o bioma brasileiro que mais perdeu vegetação nativa entre 1985 e 2021, quando mais de 3 milhões de hectares deram lugar à agricultura e silvicultura, uma perda de 29,5% de vegetação.