Doação de sangue: cães e gatos podem salvar vidas

Como não existem bancos de sangue no serviço público, como acontece no SUS, não há campanhas e incentivos às doações prévias para pets

Animais entre um e oito anos de idade podem ser doadores
Foto: shutterstock
Animais entre um e oito anos de idade podem ser doadores

Estamos acostumados a ver campanhas sobre a importância da doação de sangue e o quão fundamental é este ato que salva milhares de vidas todos anos. Pouco se fala sobre a transfusão de sangue para animais de estimação, embora seja uma prática muito importante em cães e gatos e salve milhares de vidas na medicina veterinária.

Os cães, por exemplo, podem ser doadores ou receptores de outros cães que sejam compatíveis, assim como acontece com os seres humanos. A tipagem sanguínea é feita sempre previamente à doação, segundo explica o médico veterinário Raphael Clímaco. Com isso, mesmo cães de diferentes raças podem doar entre si, contando que sejam compatíveis.

A partir de quando os pets podem doar

Foto: shutterstock
gato

Há uma tabela seguida pelos veterinários que indica como possíveis doadores animais acima de 20 kg, entre um ano e meio até os oito anos de idade, ou seja, animais filhotes e idosos não podem doar.

Além da tipagem sanguínea, o doador precisa fazer uma bateria de exames para verificar se está tudo bem com a saúde do animal, como em casos de doenças infecciosas pré-existentes e possíveis problemas com o fígado. O intervalo mínimo entre transfusões, no caso do doador, precisa ser de 45 a 60 dias.

Para os gatos o procedimento é semelhante, o felino precisa estar acima dos 2 kg e ser um animal jovem adulto.

O sangue doado é armazenado em recipientes específicos para a doação sanguínea e podem ser estocados em bancos que estão disponíveis em diversos hospitais veterinários.

O receptor pode precisar de vários componentes, classificados como hemocomponentes, que vão desde a transfusão do sangue como um todo, ou mesmo frações especificas, como papa de hemácias e concentrado de plaquetas.


Incentivo a doação, por que não há?

O médico explica que não é comum que clínicas veterinárias estoquem sangue. Geralmente, quando necessário, é solicitado por meio de campanhas imediatas, ou, se a cidade tiver algum banco de sangue, o tutor acaba comprando o sangue. Pois há um custo de manutenção que não está disponível no setor público como acontece na área humana. Por essa razão, não se estimulam doações de sangue, caso não seja necessário no momento.

Contudo, há um cadastro que pode ser feito em que o tutor pode escolher uma clínica de confiança e, caso seu pet esteja dentro das classificações necessárias para ser um doador, a clínica poderá contar com a doação em casos de necessidade.

Importância em fato

O veterinário menciona um caso de um paciente de grande porte que foi levado por seu tutor até a clínica para ser vacinado, até que chegou uma cadelinha da raça poodle que havia sido atropelada, acidentalmente, pela própria dona. A poodle, quase desfalecida, precisava urgentemente de transfusão.

“Nesse momento, nós não tínhamos tempo hábil para solicitar sangue no banco de sangue, o que eu precisava era de sangue imediato. Comovido com a situação, o tutor desse cachorro de grande porte aceitou que seu pet fosse doador e rapidamente foi feita a tipagem sanguínea e salvou a vida desse animal que chegou em extrema emergência”, conta o veterinário.

Foto: Divulgação
Raphael Clímaco